quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Bohemian Rhapsody — The Show Must Go On…

Com uma carreira marcada por vários percalços e com a preocupação em relação na qualidade das músicas que produziam, o Queen foi um grupo de rock que conquistou o seu espaço no meio artístico através de discos ousados e principalmente de suas performances ao vivo, que acabavam fascinando o público a cada nova apresentação.

Além do formato desenvolvido pela banda, os integrantes contavam com o cantor performático e de forte personalidade, que foi Freddie Mercury (1946-1991) que atraia todos os holofotes não somente para si, mas ao grupo inteiro.

Retratar a carreira agitada de um conjunto e suas constantes variações em um filme de pouco mais de 2 horas de duração, acaba resultando em inúmeros cortes, deixando várias pontas soltas em sua narrativa. Esse descuido que pode gerar incômodo nos fãs mais exigentes, mas que agradará aqueles que não são iniciados na história do grupo.

Com o seu modo meio despojado, a cinebiografia Bohemian Rhapsody (2018) reconstrói momentos significativos da carreira do conjuto e principalmente da vida de seu cantor. Tudo entrelaçado com os principais sucessos do Queen.

A parte mais pesada da vida de Mercury em relação a sexo e drogas, é contada de forma muito branda — a classificação é PG-13—, mas não torna o filme menor. O foco é o auge do grupo, sendo encerrado no Live Aid de 1985 em Wembley (Inglaterra). Evento importante transmitido pela TV para mais de 100 países, que ajudou a restabelecer o nome do quarteto no mercado musical.

Rami Malek que interpreta Freddie foi o acerto para o filme, que anteriormente estava escalado o ator Sasha Baron Cohen, que por divergências acabou sendo substituído. A direção do filme passou por mudanças, trocando Bryan Singer por Dexter Fletcher que resultou em outra linguagem para o filme, deixando tudo muito corrido, com uma edição bruta.

Após esses acertos, o filme faz jus ao que foi o Queen no passado: uma banda intensa, cheia de exageros, nadando contra a maré dos artistas da década de 1970, com um vocalista que possuía uma entrega por completa quando estava nos palcos, que dispunha de um grande magnetismo com a plateia, mostrando o que faziam, era uma verdadeira opera-rock.

Mesmo não tendo mais material inédito, o legado do conjunto reverbera até aos dias de hoje, espalhado em diversos grupos que surgem que procuram emular alguma fase do Queen, os seus discos e shows estão sempre em catálogo. Mesmo sendo um filme curto para uma história longa, Bohemian Rhapsody confirma o quarteto como singular e único.




segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Ed Motta – Criterion of the Senses – Músico mantém seu refinamento em novo disco.


Desde quando surgiu no cenário musical brasileiro perto do fim da década de 1980 — ainda fazendo parte da banda Conexão-Japeri —, Ed Motta já demonstrava o seu apreço por diversos estilos musicais e compositores, e nunca escondeu as suas influências sonoras em suas músicas. E por causa desse caráter, acabou recebendo inúmeros elogios, não só pelo o que produzia, mas pela fidelidade em suas apresentações.

Nos anos de 1990, Ed começou a rascunhar o estilo que seria adotado nos anos seguintes, percurso marcado por diversas etapas no que desenvolvia, mas sempre com a preocupação com resultado final de seus álbuns, e o seu gênero acabou sendo classificado de “pop com qualidade”. Que na época, lhe trouxe novos holofotes.

Como a escolha correta de um time de músicos de primeira, que contribuíram para que as faixas fugissem do comum, mas sem perder toda influência adquirida, Ed acertou o formato que mantém até hoje. E sabendo aproveitar os caminhos que foram abertos, o cantor acabou conquistando o respeito dentro da MPB, e uma agenda de shows fora do Brasil.

Criterion of the Senses (Membran ‎- CD/Vinil e Streaming) tem as faixas cantadas em inglês e fazendo uma continuação direta do elogiado Perpetual Gateways (2016), que reflete o atual momento do artista, que usufrui de uma liberdade artística rara no Brasil, podendo gravar um trabalho sem precisar recorrer aos gatilhos do mercado vigente, apesar do empenho em ecoar um sentido mais clássico, o que se escuta no disco, é integro e moderno.

Com elegância e dedicação, o álbum flui além de agradar com seu perfil vintage que faz alusão as músicas da década de 1970, afora de sua curta duração — tem apenas 33 minutos — o álbum pode figurar as listas de melhores do ano de 2018, tanto no estilo, “Adult Oriented Rock”, quanto pop ou soft rock, já que Ed e sua banda, são versáteis por transitarem em vários estilos.

Com a abordagem mais rebuscada e tendo toda a sua estrutura rítmica construída em cima do melhor do funk, soul e jazz, “Criterion...” é um trabalho extremamente acessível e animado, feição que diverge da ideia que se tem de um disco destinado para um público mais exigente e pequeno, que fica a parte de tudo. Entretanto, a conclusão que se tem, tanto o cantor, quanto a sua banda, prestigiam o que formularam, seja apreciado sem restrição alguma.

Todo o trabalho e dedicação na criação do álbum são mais do que evidente em sua audição, o que confirma o artista carioca, como o mais apurado em desenvolver um produto que procura dar charme ao mercado contemporâneo. E fica a certeza que Ed Motta presenteará ao seu fiel e crescente público, com novos trabalhos com o mesmo padrão de excelência.





sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Jean-Michel Jarre anuncia a continuação de Equinoxe.


O músico francês Jean-Michel Jarre informou a continuação do álbum Equinoxe (1978), agendado para o mês de novembro de 2018. Com o título de Equinoxe Infinity.

Por enquanto não há informações complementares, mas Jarre adiantou o motivo da recriação da capa do disco, refeita pelo artista Checo Filip Hodas: —“Nos dias em que o vinil está voltando, o trabalho artístico merece mais atenção. A capa do Equinoxe sempre foi uma das minhas favoritas”—. E acrescenta: —“Essas criaturas estranhas estão nos observando? Observando o espaço? Assistindo máquinas? Assistindo a um fenômeno natural? Nós não sabemos realmente. Eles não são assustadores, mas estranhos e misteriosos”—.

— “Então, peguei a capa original do Watchmen of the Equinoxe para continuar a história. Filip Hodas é um jovem artista super talentoso que pedi para criar duas peças diferentes de acordo com a minha visão. Uma capa mostra a humanidade em paz com a natureza e a tecnologia, e a outra mostra uma imagem de medo e distorção com máquinas dominando o mundo. Com esses dois, quero chamar a atenção para dois cenários que estamos enfrentando hoje com nosso amor e nossa dependência de inovação e tecnologia”—.

“A música do Equinoxe Infinity é a trilha sonora desses dois mundos diferentes.”


Aphex Twin T69 Collapse — Tudo estranho e meio esquisito.

Celebrado por ter feito parte da geração de músicos, DJs e produtores que deram novos rumos para a música eletrônica a partir dos anos de 1990, Aphex Twin (Richard D. James) sempre foi classificado como o mais estranho da turma. Muito desse perfil, não só por suas composições serem atípicas, mas pelo próprio artista fazer o papel de esquisitão dentro do meio musical.

Com uma carreira já extensa, da qual começou na adolescência durante a década de 1980, Aphex acabou virando objeto de culto por onde passava. Muito do mérito, devido ao caráter autodidata em criar os seus próprios instrumentos e da forma como os utiliza para gravar os seus álbuns.

Com essa autonomia, além de ter acesso a diferentes modelos de sintetizadores e usufruindo de todos os tipos de recursos sonoros disponíveis, o músico irlandês acabou criando uma identidade peculiar dentro do cenário da música eletrônica. A abordagem adotada, o mantém em relevância até aos dias de hoje.

O caráter inato fica evidente em seus álbuns, que já foram classificados de abstratos e metalinguísticos, variando entre melodias e ruído, porém o produtor não se importa com essas nomeações, a cada disco, há uma discreta evolução.

T69 Collapse, não tem muita diferença radical em relação aos trabalhos anteriores do produtor, ouvimos Aphex Twin em sua forma pura, recheado de firulas e estranhezas auditivas, com os seus ritmos quebrados, constantes mudanças harmônicas entre inúmeros filtros e infinitas distorções. O clima Lo-Fi, está incluso na estrutura moderna composta, com o diálogo sempre em equilíbrio.

As faixas possuem os títulos enigmáticos e sem um objetivo claro, Aphex explora ao máximo os recursos que possui para criar todo esse universo sonoro que o tanto fascina. E dando aos fãs um produto que fará a alegria daqueles que admiram esse ambiente ressoante criado pelo artista.

O EP ganhou um videoclip no melhor estilo Glitch Art, que contém uma referência ao criador/programador Markus Persson, responsável pelo Jogo minecraft, que no ano de 2014, comprou por 46 mil dólares, o vinil ‘Caustic Window’, só com faixas raras de Aphex Twin.

Por ser curto, — tem em média 28 minutos —, o EP é dinâmico e não esgota o ouvinte, deixando todas as constantes variações acessíveis. ‘Collapse’ relembra a melhor fase do produtor, mas sem um aparente saudosismo.

Quem acompanha as obras do artista, sabe que o músico não segue o padrão formal do mercado, o mesmo prefere caminhar na contra mão. Essa linha de pensamento é visível em seu EP anterior Cheetah (2016), que tinha como atrativo, a paciência em programar o difícil sintetizador Cheetah MS800 para criar o homônimo EP.

T69 Collapse está sendo lançado pela Warp Records nos formatos, CD, Vinil, Streaming e Fita Cassete.



sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Jean-Micheal Jarre — 70



O músico francês Jean-Michel Jarre completa hoje 70 anos de vida. Jarre é filho do compositor Maurice Jarre (1924 — 2009) e começou a sua carreira artística início da década de 1970, tendo o sucesso em 1976 com o disco Oxygène do qual abordava indiretamente a causa ambiental.

E desde então, Jean-Michel sempre presenteia os seus fãs com interessantes discos de música eletrônica instrumental, incluindo as suas apresentações ao vivo, que são um show de pirotecnia.

Jean-Michel Jarre, junto com outros artistas de sua geração, contribuíram de forma direta, na popularização da música eletrônica.

Parabéns Jarre!


terça-feira, 21 de agosto de 2018

Stereolab Anuncia redição remasterizada de sua coletânea 'Switched On' em Vinil


Grupo franco-inglês de avant-pop StereoLab, informou o relançamento em vinil/CD  de suas três primeiras coletâneas  que foram editados no início da década de 1990.

Pelo que foi divulgado, o pacote inclui os discos: Switched On (1992); Refried Ectoplasm (Switched On Volume 2 —1995) e Aluminium Tunes (Switched On Volume 3 — 1998). Todos reunidos em um box especial que contêm pôsters e outros intens. Os discos serão publicados separadamente.

O grupo atualmente se encontra em uma pausa artística desde o ano de 2010, e começaram as suas atividades musicais ainda na década de 1980. E durante os anos de 1990, conquistaram os holofotes devido ao estilo musical  adotado que incorpora elementos da década de 1960 em suas músicas. 

Mais informações em: UHF Disk


sábado, 18 de agosto de 2018

Aphex Twin — 47


Richard D. James (A.K.A. Aphex Twin) começou a produzir suas músicas na década de 1980 ainda na adolescência, e partir dos anos de 1990, começou a ganhar fama com suas faixas experimentais e atípicas, se comparando com o que era feito no mesmo período.

No ano de 2014, recebeu o Grammy de melhor álbum de música eletrônica por Syro (Warp Records) .

E agora em 2018, prepara mais um trabalho nos mesmo moldes que o consagrou no passado.

Em tempo, parabéns!




quarta-feira, 8 de agosto de 2018

TR – 808 Day

Para quem não sabe, hoje (8/08) é comemorado o dia da bateria eletrônica TR -808 da Roland. Instrumento foi responsável por inúmeros hits dentro e fora da emusic desde que foi lançado em 1980 no Japão.

Apesar de não ser mais fabricada, a compositora de ritmos existe em formato virtual para diferentes softwares de áudio. Seus sons estão presentes em livrarias de sample, emuladores e seus timbres vigorosos são até hoje recriados/imitados por outros instrumentos eletrônicos.

Abaixo, o primeiro disco gravado usando a lendária e cultuara compositora de ritmos.

Em tempo, parabéns!


sábado, 4 de agosto de 2018

Autoramas – Libido — Em 20 anos de atividades, grupo ainda mantém seu rock retrô, vigoroso e divertido.

Quando surgiram no cenário carioca de bandas independentes do final dos anos de 1990, o grupo Autoramas já vinha recebendo elogios pelo seu estilo retrô adotado, que fazia uma alusão direta ao rock de garagem instrumental da década de 1960. O que parecia uma ideia fora do padrão do mercado da época, acabou dando certo.

Em Libido (CD/Vinil/Streaming e Cassete — HBB/ Soundflat Records), o quarteto mantém a mesma musicalidade de seus discos anteriores, sem muitas variações, prevalecendo o clima vintage em suas músicas. Não chega a ser uma banda parada no tempo, ou muito menos uma releitura de um estilo do passado, na verdade soa como uma homenagem a uma vertente pioneira do rock and roll underground.

Há faixas poderosas como Ding Dong — essa com um videoclipe gravado com uma câmera que registra imagens em 360⁰ —, No Futuro e Eu Não Sei Mas Eu Não Sei (I Know But I Don't Know) original do grupo Blondie (1978) que já foi regravada pela Gang 90 em 1983. Além de músicas como Sofas, armchairs and chairs entre outras, alternando entre o inglês e português.

O disco é pura diversão com as suas guitarras distorcidas, vocais com filtro de rádio antigo, jeitão low-fi e o clima de festa; para completar o pacote, há o sempre caprichado design na arte de seus álbuns, que aqui foi desenhada pelo alemão Julian Weber. E dessa geração 90, os Autoramas é o conjunto que soube desviar das constantes mudanças que o mercado musical sofre, sem precisar alterar a sua sonoridade oldschool, primando o conceito estético do qual se sustentam até hoje.

A atual formação da banda conta com Gabriel Thomaz (voz e guitarra), Érika Martins (voz, teclados, mini-guitarra e percussão), Jairo Fajer (baixo e vocal) e Fábio Lima (bateria), que são os artistas responsáveis por toda a farra sonora que houve em seu oitavo disco em mais de 20 anos de atividade.

E pelo que se percebe em Libido, não há nenhum vestígio de cansaço ou desgaste, mostrando que o conjunto ainda tem energia e criatividade de sobra. Mesmo não tendo os holofotes que merecem, os Autoramas seguem firme no caminho que escolheram.

Disco feito para ouvir em volume alto.





quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Missão: Impossível — EFEITO FALLOUT - Caçadores de Emoção

Quando foi lançado em 1996, o primeiro filme Missão: Impossível, promoveu uma agitação no mercado cinematográfico de forma até então inovadora, o longa recebeu vários elogios além de ter dado um gás na carreira do ator Tom Cruise, — que na época já estava no auge —, e com a adaptação homônima da série de TV para tela grande, Cruise foi transformado em um “midas” da sétima arte.

Com o sucesso inevitável do filme, atrelado a uma correta administração da produção, e principalmente de sua divulgação, as continuações eram mais do que evidentes. Que aqui nessa franquia chega a sua sexta e agitada parte.

Missão: Impossível — EFEITO FALLOUT temos o personagem Ethan Hunt (Tom Cruise)  envolto em uma missão de resgate de três ogivas nucleares que podem ser usadas por um grupo terrorista , porém a missão não sai como esperado, o que acaba culminando em uma parceria com outra classe de agentes (CIA), que possui uma conexão com o grupo terrorista, e atrelado a essa tarefa, temos uma corrupção dentro das instituições secretas, que causaram mudanças nos valores de conduta dos agentes . Em conjunto com essas modificações, há o fator íntimo inserido nessa atividade quase sem solução. Essas são as razões que permitem várias mudanças nos acontecimentos do filme.

Com a trama cheias de reviravoltas e traições, os momentos de espionagens são substituídos por boas cenas de ação, que ajudam a manter todo o clima de urgência que a história pede. Os instantes de maior movimentação são o principal destaque, e Tom Cruise para trazer mais veracidade a esses instantes, evitou usar dublês, mas nada tão radical. E devido á esse risco, o ator acabou se machucando. Na pós-produção, resolveram usar esse pequeno acidente no filme.

O filme é pura ação, que desde Missão Impossível 2 (2000) temos os acréscimos em tomadas aéreas, perseguições de carros, motos, corridas, cenas que beiram ao absurdo e soluções mirabolantes, e sempre deixando a dúvida do que acontecerá nós filmes posteriores, pois a  IMF (Impossible Missions Force) já eliminou quase as todas ameaças terroristas possíveis.

Em tempo, divertido filme.


segunda-feira, 30 de julho de 2018

Imagens misteriosas em estação de metrô sugerem novo álbum Aphex Twin.



Foi divulgado hoje (30/7) imagens do logotipo do produtor e DJ de IDM Aphex Twin na estação de metrô Elephant & Castle em Londres , dando alusão ao novo trabalho do artista.

A Warp Records (gravadora responsável pelo músico) confirma o lançamento para o ano de 2018.
Em 2014, Aphex levou o Grammy de melhor disco de música eletrônica pelo álbum Syro. E em 2017, o produtor liberou um vasto material sonoro de seus arquivos, incluindo o relançamento de discos que estavam fora de catálogo.

Aphex Twin (A.K.A Richard D. James) já tem datas agendadas para o mês de novembro na  Funkhaus  Berlin (Alemanha), e será a atração principal no  festival Club to Club na Itália.

Aguardamos de forma ansiosa, mais um álbum desse artista um tanto atípico se tratando de música.





quarta-feira, 25 de julho de 2018

Stanley Kubrick - 90 anos. Parabéns!




Kraftwerk faz dueto com astronauta alemão ao vivo direto do espaço.

A banda alemã Kraftwerk, surpreendeu o seu público  no evento  Jazz Open Festival. na cidade Stuttgart, na sexta-feira (20/7)

Durante a música Spacelab, o grupo fez uma conferência com o astronauta Alexander Gerst que está na estação espacial (ISS – International Space Station) e tocou (utilizando de um tablet) trechos da música “Close Encounters of the Third Kind “ antes de Spacelab.

— “Boa noite Kraftwerk, boa noite Stuttgart” — disse o astronauta para as quase sete mil pessoas no evento, que ficaram atônitas com o convidado surpresa.

“Atualmente sou eu e mais seis pessoas no espaço, no posto avançado da Estação Espacial Internacional (ISS em inglês) , estamos a 400 quilômetros de altitude. A ISS é um homem-máquina – a máquina mais complexa e valiosa que a humanidade já construiu “, Gerst fez uma alusão ao álbum clássico “Man-Machine” do kraftwerk.

Após ao susto, o quarteto deu prosseguimento com sua apresentação, e no telão, teve incersões de imagens do austronauta dentro da estação junto com as animaçoes usadas pelo conjunto,  ao término Alexander, desejou boa noite para a terra.

O kraftwerk é uma banda atipica se tratando de música e apresentações ao vivo. No ano de 2009, o grupo fez algo similar no velodromo de Manchester (Reino Unido), do qual ciclistas pedalavam em volta do palco, enquato a banda tocava “Tour de France”
.
O astronauta fica no espaço até dezembro de 2018, Alexander Gerst é o primeiro alemão a comandar uma estação da Nasa.

Parabéns!


segunda-feira, 9 de julho de 2018

Quem foi Philip K. Dick, o amalucado criador de ‘Blade Runner’

O autor de ficção científica que escrevia sob efeito de drogas chegou a dizer que viajou para a Roma Antiga e a criar uma tese sobre universos paralelos

Por Lucas Almeida 7 out 2017.

O americano Philip K. Dick (PKD) ficou conhecido por suas alucinantes ficções científicas. A loucura das páginas de Dick era, porém, apenas um reflexo da mente do escritor. Diagnosticado com doenças mentais e transtornos diversos como agorafobia e paranoia, Dick não procurava acalmar a mente. Ao contrário. Escreveu a maioria de suas obras sob o efeito de metanfetamina, a droga potente e viciante produzida por Walter White em Breaking Bad, e ainda teve no ambiente doméstico, conturbado por cinco casamentos difíceis, uma atmosfera capaz de alimentar sua instabilidade – instabilidade que o levou a uma internação voluntária em uma clínica de reabilitação e a algumas tentativas de suicídio.

Ao longo de uma vida agitada em que, segundo ele, chegou a ter experiências na roma antiga, K. Dick não teve as benesses do sucesso. O reconhecimento viria pouco depois da sua morte. O escritor morreu em março de 1982, três meses antes do lançamento de Blade Runner, filme de Ridley Scott inspirado no romance Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?, de 1968.

O filme se tornaria um dos maiores clássicos da história do cinema e faria do escritor uma fonte em que produtores e cineastas beberiam em busca de um novo blockbuster. E o livro se tornaria o propulsor de discussões de entusiastas da ficção científica a respeito do gênero, do futuro e até da religião mercerista citada na obra, uma criação de K. Dick que mistura elementos cristãos e budistas.
Ao menos quinze produções, entre longas-metragens e séries de TV, surgiriam a partir de Blade Runner com a obra de Philip K. Dick como base. Divisor de águas para a carreira do escritor, ainda que póstuma, o romance já tem uma edição especial de 50 anos programada para 2017 pela Aleph, editora voltada ao público nerd.

O gêmeo

Philip K. Dick teve seu primeiro trauma logo no segundo mês de vida. Sua irmã gêmea, Jane, nascida como ele em Chicago, em 1928, morreu de subnutrição – a mãe, Jack Dowland, não produzia leite suficiente e não houve substituição à altura. Philip cresceu sob a sombra não apenas da irmã, mas da lápide onde teve o seu nome marcado ainda bebê, quando a família definiu que, no dia em que morresse, seria enterrado junto a Jane no Cemitério Riverside, no Colorado.

Inexorável, a tragédia da primeira infância atravessa toda a obra do escritor. Muitos acreditam que ele teria reescrito a sua história no universo alternativo criado em O Homem do Castelo Alto, morrendo no lugar da irmã, por exemplo.

Na obra, a Alemanha vence a Segunda Guerra Mundial e o mundo mergulha em uma realidade mórbida, em que negros voltam a ser escravizados e judeus precisam se esconder sob identidades falsas. Nesse contexto, um escritor decide fazer um livro de ficção que reconta os acontecimentos de maneira diferente: um livro em que os Estados Unidos ganham a guerra. A inversão que põe em discussão o próprio conceito de realidade é tida, para fãs e especialistas na obra do escritor, como uma forma metafórica de refazer a história – a sua história.

O escritor também soube se valer da perda para firmar relações – em vez de se retrair. Segundo o francês Emmanuel Carrère, autor da biografia Eu Estou Vivo e Vocês Estão Mortos (tradução de Daniel Lühmann, Aleph, 49,90 reais), a tragédia era contada por Dick como forma de criar assunto para conhecer gente na adolescência, já que o fato o tornaria mais interessante aos olhos dos outros.

No divã

Philip K. Dick começou a fazer terapia aos 14 anos. Ainda jovem, chegou a ser diagnosticado com agorafobia, medo de multidões, e esquizofrenia, doença mental que pode ser caracterizada pela alucinação visual e auditiva. Inteligente, estudava como funcionavam os testes psicológicos, como as manchas pretas de Rorschach, para tentar manipular os resultados.

A agorafobia, que melhorou com o tempo, voltava a perturbar o escritor em épocas de depressão. Assim como a paranoia, que explodia em momentos de crise e levava Dick a tecer teorias da conspiração – o que ajuda a explicar sua mente criativa.

K. Dick acreditava que era monitorado por instituições distintas, como o FBI, a polícia federal americana, e a russa KGB. Autoconfiante e grandiloquente, pensava muitas vezes ter desvendado uma grande verdade oculta da sociedade em um de seus livros e que, por isso, havia entrado na mira do governo americano.

Casamentos

Com extrema dificuldade de ficar sozinho, Philip K. Dick contraiu cinco casamentos. O primeiro foi aos 20 anos, com Jeanette Marlin, a namorada de 21 anos com quem perdeu a virgindade. Jeanette continua um mistério para os fãs. Não foram encontradas novas informações sobre a mulher, que nunca comentou sobre o relacionamento com o autor. O matrimônio durou apenas quatro meses, período marcado por brigas infantis, como uma intensa discussão sobre os discos de música clássica que Philip ouvia.

Dois anos depois, ele conheceu Kleo Apostolides, estudante da Universidade da Califórnia que mais tarde se tornaria uma revisora de livros. Menos de um ano depois, em 1950, foi morar com a jovem de ascendência grega, então com 19 anos, que era muito ligada ao movimento estudantil. O casal chegou a ser investigado, com direito a visitinhas de policias, por suspeita de adesão ao comunismo.

A relação com Kleo chegou ao fim em 1959, depois de um caso extraconjugal do autor com a viúva Anne Williams Rubinstein, de 31 anos, que se tornaria a sua terceira esposa. Foi durante esse casório, que durou seis anos, três a menos que o anterior, que Dick teve a sua primeira filha, Laura Leslie.

Além de uma família, Anne deu a ele o apoio necessário para escrever. Ela acreditou no potencial da ficção científica, gênero que à época era mais explorado em histórias para crianças e revistas sensacionalistas, e fez um acordo no qual, por quatro anos, o marido poderia se dedicar exclusivamente ao projeto do romance que tinha em mente. Anne alugou uma pequena casa para que Dick pudesse se isolar, usar drogas e se concentrar no trabalho. Ao final desse período, ele lançou o seu primeiro sucesso, o mencionado O Homem do Castelo Alto, publicado em 1962. O livro, que agradou à crítica, ganhou um Prêmio Hugo e é considerado, até hoje, um parâmetro distopias.

Pode-se dizer que K. Dick estava bem treinado: antes do livro, ele havia publicado oito volumes, escrito outros onze que dormiam na gaveta, e também feito artigos para as tais revistas sensacionalistas que se interessavam por ficção científica. Sua produção, que ao final da vida totalizaria 44 livros publicados, começou na década de 1950.

Ao casamento com Anne, Philip emendou um relacionamento com uma jovem psicóloga de 19 anos chamada Nancy Hackett. Com ela, foram mais seis anos de matrimônio e outra filha, Isolde Freya. Hoje conhecida como Isa Dick Hackett, Isolde é produtora de cinema e trabalhou nas adaptações das obras do pai, incluindo Os Agentes do Destino (2011).

“Tive um período muito interessante em 1970, quando minha esposa, Nancy, me deixou e foi embora com um Pantera Negra, para minha grande surpresa. Por causa disso, caí bem fundo. Quero dizer, rolei pela sarjeta e vaguei pelas ruas atordoado, totalmente chocado quando isso aconteceu”, contou anos depois K. Dick à Twilight Zone Magazine.

O quinto casamento viria já no ano seguinte à separação, em 1973, quando Dick se uniu a Leslie Busby, a Tessa, de apenas 18 anos. A professora de inglês e escritora aceitou morar com o autor após uma única noite de amor. Os dois tiveram Christopher Dick em julho do mesmo ano. O casamento seguiu até 1977, quando Tessa o deixou, já exausta das crises paranoicas do homem, então com quase 50 anos.

“Tive uma infindável sucessão de divórcios, todos resultantes de casamentos feitos de forma inconsequente e afobada”, ponderou depois o autor à Twilight Zone Magazine. “Ainda mantenho um bom relacionamento com minhas ex-esposas. Aliás, a minha mais recente ex-esposa – são tantas que preciso manter uma relação numerada – e eu somos ótimos amigos.”

Nos intervalos em que se viu sozinho, Philip caiu em depressão e intensificou o consumo de drogas. Depois da separação de Tessa, tomou 700g de brometo de potássio e dormiu. Quando voltou à consciência, tinha o número da emergência anotado na mão, cuidado que tomou antes de cair no sono. PKD fez a ligação, foi socorrido em casa e levado ao hospital, onde se recuperou.

Um episódio semelhante aconteceu na noite em que Tessa deixou a casa de Dick. O autor ingeriu 49 comprimidos de digitoxina, 30 cápsulas de Librium e 60 de Agresoline em meio a uma garrafa de vinho. Em seguida, cortou os pulsos e se deitou no chão da garagem, com o carro ligado. Uma falha fez com que o motor do veículo morresse e Dick, talvez despertado pelo carro, decidiu ir para cama. Uma equipe de médicos de emergência invadiu a casa pouco depois, alertada, pelo farmacêutico que vendeu ao escritor os comprimidos, de que algo ruim poderia acontecer.
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Drogas

K. Dick ficou conhecido como o autor do LSD. Suas obras, com mundos alternativos e tramas de traços paranoicos, foram escritas no período em que o ácido era descoberto e experimentado pelos jovens, ao ritmo da contra-cultura dos anos 1960 e 70. Apesar da fama, PKD fez uso da droga apenas uma vez em dezembro de 1964, quando teve uma “bad trip” – termo usado quando o usuário entra em um estado psicológico confuso e desagradável, do qual tem dificuldade de sair.

A droga mais consumida pelo escritor era mesmo a mentanfetamina, com a qual produziu a maioria das suas obras. A mentanfetamina o ajudava a permanecer acordado, “ligadão”, e escrever por várias horas seguidas, sem esmorecer.

Após a primeira tentativa de suicídio em 23 de março de 1972, na sequência da separação de Tessa, Philip K. Dick se internou em uma clínica de reabilitação, a X-Kalay, no Canadá, centro dedicado a usuários de heroína. Apesar de nunca ter sido viciado na droga, o autor optou pelo lugar para enfrentar dias de abstinência total.

Depois de duas semanas, foi promovido da função de lavar privadas na clínica para a de relações públicas do local, já que sabia digitar em uma máquina de escrever. Com um mês no lugar, decidiu que era hora de voltar aos Estados Unidos, e se instalou em Los Angeles no final de abril do mesmo ano.
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2-3-74

Uma visita mudaria a vida de Philip K. Dick para sempre, em março de 1974. Ao receber uma entrega de medicamentos em casa, o autor se deparou com uma entregadora que possuía um colar com um pingente em formato de peixe, símbolo usado pelos primeiros cristãos, de acordo com a própria mulher. A joia refletiu uma luz rosa que teria causado alucinações em PKD e conduziria transformações no corpo do autor.

A partir daí, Dick viveria diversos acontecimentos que ele intitulou de “2-3-74”, números que representam os meses de fevereiro e março daquele ano. Segundo relatou, ele acordou várias vezes no meio da noite falando línguas mortas, como latim e grego, com as quais nunca havia tido qualquer contato.

As crises paranoicas de PKD pioraram depois disso. O autor passou a dizer que foi levado para o ano 70 d. C., na Roma Antiga, que permaneceria viva em uma realidade paralela. Philip se via como um soldado instalado secretamente no local e chegou a escrever, em suas anotações, que havia descoberto uma grande trama: nela, o Império Romano ainda dominava o mundo e tinha um acordo com o governo de Richard Nixon.

Em The Exegesis of Philip K. Dick, livro que reúne cartas e manuscritos ao longo de mais de 8.000 páginas escritas pelo autor após o incidente com o colar, ele alega que algo transferia informações de outras épocas e civilizações a ele, com grande velocidade. Dick passou então a defender a tese de que o universo estava conectado por meio de realidades paralelas através do espaço-tempo.

A experiência o teria inspirado a escrever a trilogia VALIS, sigla para Vast Active Living Intelligence System (vasto sistema de inteligência viva e ativa, em tradução livre). O romance apresenta um alter-ego de Dick e se mistura com relatos biográficos e digressões. A obra já foi interpretada como a fundação de uma nova religião e até uma experiência com extraterrestres, mas nunca se soube o verdadeiro intuito do autor.

terça-feira, 3 de julho de 2018

John Coltrane – Both Directions At Once - Uma aquarela em Preto & Branco


Exímio músico com uma excelente técnica de improviso, John Coltrane (1926 -1967) fez parte de uma geração de artistas que contribuíram para uma mudança significativa no meio musical, muito desse mérito, por levarem o que criaram para um patamar até então não explorado. As suas composições, não subverteram a música em si, mas apresentaram trabalhos com uma qualidade inédita e surpreendente, que até hoje gera um grande fascínio em seus ouvintes.

Em 1965 quando lançou o LP A Love Supreme, Coltrane foi transformado em um gigante do jazz, o saxofonista já tinha o seu nome prestigiado entre os músicos e público. Devido ao seu talento, passou pelo cultuado Miles Davis Quintet (1955 – 1969) do qual ficou por dois anos, chegando a participar do essencial Kind of Blue (1959). Em carreira solo, assinou contrato com importantes gravadoras como: Prestige, Atlantic, Blue Note e Impulse!. Essa última, da qual ficou até o encerramento de suas atividades. E gravações inéditas desse período, merecem todo destaque.

Both Directions At Once: The Lost Album (Impulse! CD/Vinil e streaming) não é um trabalho conceitual ou muito menos planejado, mas o disco é um verdadeiro achado. As fitas originais foram perdidas, e o que sobrou, são cópias em mono que foram registradas no dia 6 de março de 1963, no estúdio Rudy Van Gelder (Nova Jersey – EUA), local muito usado pelas gravadoras Blue Note, Prestige entre outras.

No disco o que se ouve, é um belo registro de um conjunto de músicos em seu ápice sonoro e virtuosidade, no qual o improviso e a forma livre são o fio condutor de todas as faixas. Porém o registro é um trabalho cru, quase sem tratamento de pós-gravação, se assemelhando a um rascunho para um álbum mais acentuado, mas apesar do time de músicos serem de primeira, o resultado final é bruto. Mesmo não tendo o acabamento necessário e soando rústico, o que se escuta é praticamente sublime.

Coltrane e sua banda formada pelos músicos McCoy Tyner (piano), Jimmy Garrison (baixo) e Elvin Jones (bateria), desfiram uma grandiosidade técnica fazendo do álbum verdadeiro deleite. Oferecendo ao ouvinte um exemplo de integridade harmoniosa e uma ampla habilidade sonora, sem cair em redundâncias. Acompanhamos esse grupo exibindo sem filtros todo o talento e competência do que produziam no palco.

Há a interpretação da música “Nature boy” gravada por Nat King Cole; uma versão de “Vilia” do disco Live at Birdland (1964); takes alternativos de “Impressions” (1961) e “One Down, One Up” do álbum Live at the Half Note (1965), faixas já conhecidas de gravações ao vivo, que aqui se encontram mais robusta. Entre as 14 músicas, temos a longa “Slow Blues” que possui a maior variedade de peripécias e precisão. A conexão entre os músicos é caprichada, quase espiritual.

The Lost Album é John Coltrane em estado natural. Fica difícil fazer um destaque adequado, já que se trata de um dia de gravação com faixas avulsas. Mesmo sem ter viés próprio, é divertido escutar esse arquivo até então desconhecido. Principalmente na época em que esses artistas se encontravam e sua melhor fase, tanto musical quanto técnica. E não deixando nenhuma dúvida, que John Coltrane foi um músico de talento insubstituível.

 Em tempo, excelente disco.

RadioCult FM





quarta-feira, 20 de junho de 2018

Jurassic World: Reino Ameaçado

Quando chegou aos cinemas em 1993, o filme Parque dos Dinossauros , causou uma grande agitação no mercado cinematográfico, muito pelo fato do longa trazer melhorias tanto na parte técnica em relação aos efeitos visuais, quanto em seu marketing direcionado ao público jovem.

O mundo ficcional criado por Michael Crichton (1942 – 2008)  ganhou continuações em 1997 (O Mundo Perdido) e o terceiro em 2001 (Jurassic Park III), e depois de quatorze anos, fizeram o rentável reboot Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros (2015), que agora ganha mais uma parte, nesse mundo um tanto agressivo.

Em Jurassic World: Reino Ameaçado ( Jurassic World: Fallen Kingdom – 2018 ), A ilha Nublar em que os dinos vivem, está ameaçada pelo erupção eminente do vulcão nativo da região, que irá afetar todos os seres que residem no arquipélago. Um grupo formado por empresários querem algumas espécies vivas para serem usadas como armas.

E para essa missão (que está disfarçada de resgate), contratam a ex-diretora do parque Claire (Bryce Dallas) que convida o adestrador Owen (Chris Pratt) para tal tarefa, mas no desenrolar da trama, descobrimos que além dessa conspiração ( o resgate e a preocupação ambiental não passa de uma farsa), há um outro segredo que mudará todo o sentido dessa história.

O diretor espanhol J.A. Bayona , procura repetir o mesmo clima de aventura e sobrevivência do filme de 1993, refazendo as mesmas situações do filme clássico, no novo. Em parte, ele acerta, mas perde a mão em momentos importantes da trama. Como a franquia já foi explorada ao extremo desde o seu começo e revitaliza no filme 2015, o atual ficou meio fora do encaixe na história original, focando mais no resgaste e na subtrama, e deixando de lado a aventura.

Mesmo não tendo um propósito plausível, o longa diverte e deixa um final aberto que pode ser aproveitado com mais criatividade, já que a fábula ainda gera interesse e  pode ser mais explorada.

A parte em relação aos dinossauros digitais, vemos falhas em sua execução, pelo fato deles mudarem de tamanho a cada mudança de cena, que no filme de 1993 e dos posteriores, sempre tiveram um tratamento mais cuidadoso.

A personagem Claire Dearing (Bryce Dallas), dessa vez corre utilizando botas, que no filme anterior (2015), sofreu reclamações por estar sempre usando salto-alto em todas as cenas de ação.

E aqui fica o destaque para atriz-mirim Isabella Sermon que dá um show de talento.



segunda-feira, 18 de junho de 2018

Gui Boratto (Pentagram) - Arquitetura Moderna.


Original da cena prolífera de música eletrônica brasileira, que ajudou a botar o país no mapa dos grandes produtores e DJs que trabalham com emusic ao redor do mundo, o paulistano Gui Boratto chamou a atenção logo em seu primeiro disco Chromophobia (2007) do qual apresentava um álbum recheado com um Minimal Tech mais alinhado, que contribuiu para que seu nome fosse catapultado para grandes eventos, além de mostrar que no Brasil se produz música eletrônica de qualidade. Com esse empenho e dedicação, o produtor acabou recebendo elogios de vários críticos em diferentes publicações sobre música eletrônica, incluindo um considerável público fiel. Chromophobia passou a fazer parte de listas de melhores do ano.

De 2007 em diante, Boratto ficou com uma agenda apertada de tantos festivais do qual se apresentava. O músico nesse meio tempo, lançou outras gravações como “Take My Breath Awayuma continuação direta de Chromophobia , “III” (2011) e inúmeros remixes e parcerias com diferentes artistas. E após o seu disco “Abaporu” de 2014, o produtor volta com o seu trabalho mais maduro.

Em “Pentagram” (2018- Kompakt) ouvimos o músico em sua melhor fase tanto musical quanto conceitual, apesar de que o álbum não aborda de fato as formulações geométricas e as formas rigorosas da arquitetura (antes de ser músico, Boratto era arquiteto);  o disco tem uma sisudez e estética original. É recheado com uma boa coleção de faixas que irão agradar desde o mais purista em relação ao Minimal Tech, até o ouvinte mais moderno e livre de preconceito.

A partir de sua abertura com “The Walker” que tem uma pegada bem synthwave, até ao seu fechamento com a quase hipnótica e sintética “618”, o músico apresenta uma grande variedade de estilos e ritmos, mas sem fugir do clima de pista de dança. O disco não tem a agitação comum do qual se destina, Pentagram fica preso ao andamento desacelerado característico do Minimal, mas sem sua repetição exaustiva.

Faixas como “Scene 2”, “The Phoenix” são o contra ponto em relação as músicas mais agitadas,“Overload” (que tem sample de “Scene 1” do Chromophobia), “Alcazar”, “Hallucination  são o ápice, as composições podem fazer a festa nas mãos dos DJs mais exigentes. Já que Boratto compreende como funciona uma pista de dança sisuda, sem precisar apelar para uma abordagem mais estridente ou fácil. Não há apelo.

O que Boratto fez, foi rechear toda a sua base simples, com uma variedade de sintetizadores e instrumentos, deixando tudo soar orgânico e natural. De primeira, nem se assemelha ao disco genérico de música eletrônica dançante, aliás, “Pentagram” foge por completo desse estereótipo designado ao estilo tão diversificado que é a emusic. O que ouvimos, é um trabalho quase artesanal dentro da Dance Music.

O hiato de cinco anos entre “Abaporu” e “Pentagram” fez bem ao músico, que nesse intervalo pôde pensar e refletir na forma de como iria desenvolver todos os sons que se escuta em seu novo álbum. E dando a entender que o próprio procura trilhar por novos caminhos sensatos dentro e fora da Dance Music. “Pentagram” é o primeiro passo para esse inevitável amadurecimento.

Em tempo, bom disco.

Radio CultFM


sábado, 2 de junho de 2018

Filosofia não é ciência e está fadada a desaparecer, afirma pesquisador

[RESUMO]  Responsável por renovar instituto de pesquisa em Portugal fala sobre método científico e explica como organizar grupos de pesquisadores.

Em 1998, o Instituto Gulbenkian de Ciências (IGC), situado em Oeiras, perto de Lisboa, inaugurou edificações modernas e recebeu um grupo totalmente renovado de pesquisadores que ali se instalaram para fazer ciência num contexto muito diferente do que existia até então em Portugal, um país sem tradição na área.

Meros 12 anos depois, o órgão recebeu reconhecimento internacional ao ser destacado entre as dez melhores instituições de pesquisa em biociências na Europa como destino para jovens cientistas. Nesse curto espaço de tempo, os pesquisadores do IGC deram várias contribuições relevantes e publicaram trabalhos nos mais prestigiosos periódicos.

O responsável pelo espantoso renascimento do IGC é António Coutinho, médico imunologista português que esteve no Brasil a convite do Instituto Serrapilheira para participar de evento de divulgação científica, organizado em parceria com a revista Piauí.

Na entrevista a seguir, ele fala sobre o método científico e sobre como se produz pesquisa de ponta —pesquisa que abre novos horizontes, traz inovações e tecnologias que serão a base para a sociedade do amanhã; pesquisa que permite à sociedade decidir de forma autônoma seu futuro. Pesquisa que faz muita falta em nosso país.

 António Coutinho, médico imunologista português - Micael Hocherman

Qual é a singularidade das ciências naturais em relação a outras formas de ser e de estar no mundo?

O exercício de derivar, racionalmente, as leis fundamentais que organizam o mundo. Se descobrimos essas leis, sabemos como o mundo funciona e como nós próprios funcionamos. Eu acho que a singularidade está totalmente baseada na racionalidade, e isso é muito novo. Em geral, a humanidade tentou de forma predominante perceber as coisas ou pela mágica, ou pela religião.

A ciência é distinta. É uma das poucas atividades humanas [cuja] origem se pode identificar e que tem uma origem única, simultânea à origem da democracia.

Isso já diz muito, ou seja, não há ciência sem um regime em que as pessoas possam exprimir o que pensam, porque a ciência avança pelas contradições que tem, pela oposição das hipóteses emitidas. A ciência evolui no domínio das dúvidas, e não no domínio das verdades, da certeza absoluta, que é o domínio da religião.

Como vamos excluindo as hipóteses que estão erradas, esta coisa avança, progride. Hoje sabemos mais do que há cem anos, há dez anos, do que no ano passado. Todo o resto da atividade humana não progride.

Por isso filosofia não é ciência, porque nunca progride. Eu tenho o maior respeito pelos filósofos porque o objetivo da filosofia é o mesmo que o da ciência: explicar o mundo e a nós próprios. Agora, nós temos um bom processo e eles não têm, portanto estão fadados a desaparecer. O que é o objetivo da filosofia vai ser resolvido pela ciência, e a filosofia vai passar a história.

Eu acho que os cientistas são os únicos que resolvem problemas, e [isso] é uma coisa de que as pessoas, habitualmente, não estão muito cientes. Problemas absolutamente fundamentais, que muita gente chamaria de metafísica, [como] a origem do universo, o que é a consciência e outros problemas muito mais triviais, como [matar] uma célula cancerígena, coisas assim. Isso é o que nós fazemos, resolver problemas.

Quando você fala ciência, você inclui também os processos tecnológicos, que de alguma forma derivam, são consequência da ciência?

Eles são consequência da ciência. Durante muitos séculos, a tecnologia [teve] base empírica. As pessoas andaram de barco durante muitos milênios, até que Arquimedes descobriu por que aquilo flutuava. Hoje em dia, para inventar um nanotubo de carbono, é preciso bastante ciência; para melhorar um tratamento médico, tem que haver ciência.

É por isso que de vez em quando algum governo um pouco menos estúpido e mais iluminado que os outros investe na ciência: não é pela ciência, é pela tecnologia que está se derivando, porque agora todos já veem que o motor do progresso é a ciência. Porque a ciência produz tecnologia, a tecnologia produz inovação, inovação produz economia, crescimento econômico etc. É triste que os governos não invistam na ciência pelo que a ciência é.

Quais são as características dos grupos de pesquisa que trazem as maiores inovações, que estão na fronteira do conhecimento, no caso da pesquisa em biociências?

Sempre fui contra grupos muito grandes. Acho que um grupo é uma unidade funcional em que as pessoas têm que se conhecer muito bem, saber o que o outro pensa e colaborar ativamente. Por outro lado, o avanço tecnológico é tão rápido e tão avassalador que grupos pequenos não têm nenhuma probabilidade de seguir o progresso tecnológico se ficarem isolados.

A única maneira é que esses grupos tenham outras vantagens, que estejam reunidos, postos todos juntos em instituições maiores que possam cuidar da infraestrutura.

Os cientistas e os seus alunos de doutoramento e pós-doutoramento deveriam apenas pensar na ciência que querem fazer. Não deveriam ter que se preocupar em "como vou arranjar dinheiro agora para comprar um microscópio ultrassensível?". Isso deveria estar garantido pela instituição.

O ideal é instituições com 20, 30 ou 40 grupos, que já tenham tamanho suficiente para assegurar a infraestrutura e o avanço tecnológico, que proporcionem às pessoas maneiras de interagir, de discutir, mas mantendo cada grupo pequeno.

Em algumas partes do mundo, como nos Estados Unidos, há grupos que são do tamanho que eu acho que deveria ser a instituição. Estudantes e pós-doutorandos desses grupos grandes veem o chefe do grupo uma vez por mês, ou um pouco mais. É triste.

A tendência dos grupos é acumular muito financiamento, e quanto mais financiamento, maiores são. A consequência disso é que os grupos estão cada vez maiores e cada vez há menos recursos para jovens que estão começando.

E isso vai de certa forma cercear a diversidade. Você fica com grandes grupos, monotemáticos, e aquela ideia nova não emerge porque você não tem recurso fora daqueles grandes temas.

As ideias novas vêm sempre dos grupos pequenos. O grupo pequeno está sempre contra a maioria, o que é bom por causa dessa história da evolução no domínio da dúvida, da contradição. Além disso, e há muitos estudos sobre isso, o dinheiro que se dá a um grupo grande é muito menos rentável do que o dinheiro que se dá ao grupo pequeno.

Vocês deveriam fazer esse estudo no Brasil, avaliar dez grupos grandes, dez médios e dez pequenos.
Há experiências a nível nacional. A Suécia sempre teve boa investigação. Então fizeram uma reforma para concentrar recursos. Foi uma catástrofe, até agora. Cada vez tem menos produtividade científica. Concentraram recursos, ou seja, a maior parte dos grupos pequenos deixou de ter financiamento e só teve duas alternativas: parar ou juntar-se ao grupo grande.

Se você tem tudo igual, não há cooperação possível, é só competição. E a competição, apesar de os biólogos dizerem que é o motor da evolução, não é. Competição não inventa nada de novo, é uma gestão de recursos limitados. A cooperação nos leva a vidas melhores, a níveis de vida mais interessantes, de unicelular para multicelular. E a possibilidade de cooperação aumenta com a heterogeneidade dos componentes.

Quais são as opções de carreira para doutores em ciência?

Sempre uma minoria irá pesquisar e liderar grupos de pesquisa. Em média, um bom chefe de um grupo ativo, pequeno, forma um doutor por ano. Ao final de 20, 25 anos de carreira, um cientista formou 20, 25 novos cientistas. Mesmo que a gente fique com os 20, em pouco tempo são 20 vezes 20. Eu já tenho [cientistas] da terceira geração. São 400 vezes 20. Estamos em 8.000 formados por um só cientista.

É absolutamente utópico pensar que esses 8.000 deveriam todos fazer a mesma coisa que eu fiz. É uma estupidez total. Há muitas outras maneiras de utilizar o que se aprendeu fazendo doutorado. Há o que se costuma chamar de mobilidade lateral, ou seja, continua a trabalhar em coisas científicas, mas não como pesquisador.

A maior parte dos doutores nos Estados Unidos vai ensinar, e não fazer pesquisa. Além disso, a mobilidade lateral também implica ser divulgador de ciência, atuar na gestão da ciência, ser lobista de assuntos científicos.

Há no Brasil ainda a imagem de que se você fez doutorado e não é professor ou pesquisador, você "debandou".

É muito importante que as pessoas se deem conta [da importância da mobilidade lateral]. A parte mais bonita do tango é quando vai a lateral. Nem toda gente nasce para fazer isso [pesquisa]. Acho que é um indicador de desenvolvimento científico: se a maioria ainda faz a mesma coisa, o país está muito pouco desenvolvido. Quanto mais desenvolvido o país, mais saídas têm que não a da pesquisa universitária.

Nos programas de doutorado em Lisboa, muitos médicos fizeram doutoramento e voltaram a trabalhar no hospital. Eles dizem: "Deixamos de ver os doentes da velha maneira; agora estamos preocupados com o mecanismo da doença". A medicina não ensina a fazer perguntas, ensina a ter procedimentos corretos. Portanto, as coisas mudam muito.

Quais são as suas indicações de livros para quem se interessa pela ciência?

Há tantos que já não sou capaz de fazer uma lista de cabeça. Há um autor que eu gosto de ler, porque é muito otimista, e eu acho que a ciência, por natureza, é otimista: Steven Pinker. Há um [livro dele] que eu acho que toda gente deveria ler: "Os Anjos Bons da Nossa Natureza".

E um mais recente ["Enlightenment Now", iluminismo agora], em que a coisa fundamental do livro é que o que conta para avançarmos é a racionalidade, a ciência e o humanismo. Como ele disse, o conhecimento tanto pode ser para um bom fim, ou um mau fim.

Portanto, o conhecimento em si não tem valor intrínseco. Por isso, uma ciência que seja consequência da racionalidade, e profundamente humanista, só pode contribuir para a melhoria do mundo. 
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Alberto Nóbrega, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é mestre em matemática e doutor em imunologia. Fez seu pós-doutorado com António Coutinho no Institut Pasteur, em Paris.

Fonte

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Han Solo — Altas Confusões.

Cultuado pelo seu caráter livre e de uma grande autoconfiança Han Solo foi conquistando fãs com o passar do tempo, e o seu passado, que até então, era quase lendário, finalmente é explorado em um trabalho um tanto irregular.

Durante a sua gravação, houve mudanças internas que resultaram na substituição dos diretores Phil Lord e Chris Miller (LEGO Batman: O Filme – 2017) por Ron Howard (O Código Da Vinci – 2006), que refez algumas cenas e mexeu em seu desfecho, mas nada que prejudique o resultado final do filme. Solo se encaixa ‘em parte’ na mística criada entorno do personagem.

Han Solo: Uma História Star Wars (Disney)  assistimos as motivações e as reviravoltas que ocorrem durante a vida agitada do futuro piloto e aliado dos rebeldes contra o império galáctico, e como Han tenta sobreviver em meio a toda essa confusão. E tendo em mente, que tudo acontece, se passa durante uma inevitável guerra interplanetária, na qual há uma centelha de esperança em meio a esse caos completo. Todos esses conflitos são permeados por um jogo interrupto de poder e chantagem.

Nesse imenso fogo cruzado recheado de trapaceiros e oportunistas, quem sobrevive, são aqueles que se adaptam melhor em relação a esse ambiente hostil, e para isso, são obrigados a usar de inúmeras estratégias e muita inteligência, habilidades que aqui Han Solo se sobressai.

O enredo que se vê em tela, permite aos personagens uma opção para evitarem a batalha, mas as razões para essas negações são ingênuas. E os nossos heróis acabam mergulhando de corpo e alma nesse jogo fatal.

Apesar da premissa interessante, temos deslizes em seu roteiro: o que era para ter embates severos com um clima sombrio e agressivo, foi diluído para uma aventura despretensiosa e amistosa entre amigos. A narrativa é mais calma que o tradicional — é o episódio mais didático da nova franquia Star Wars —, e essa abordagem não agradou ao público de primeira, que esperava por uma movimentação intensa em seu desenrolar. Han Solo é imperfeito.

Os melhores momentos são marcados pelos encontros que se transformam em amizades, como no caso de seu parceiro Wookie Chewbacca (Joonas Suotamo) e o igualmente ‘espertalhão’ Lando Calrissian (Donald Glover), do qual Solo, obteve a sua nave Millenium Falcon.

De restante, o filme fica em ponto morto, quase sem rumo. É visível o empenho Howard em tentar arramar todas as pontas soltas deixadas pelos antigos diretores, que focaram em linguagem mais cômica, tratamento que desagradou a produtora e chefe Kathleen Kennedy, que os substituiriam quando assistiram uma parte do filme pronta.

Os próprios atores não mantêm a seriedade de seus personagens, dando a entender que havia um clima de humor no set em relação as atuações, deixando o ambiente descontraído, ou simplesmente não levaram nada a sério o trabalho, já que não há uma solidez na história.

Afora as falhas, falta de ousadia e a bagunça em sua produção, Han Solo tem o seu mérito por apresentar  no cinema, como esse ‘malandro’ espacial e tão carismático surgiu.