sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Aphex Twin T69 Collapse — Tudo estranho e meio esquisito.

Celebrado por ter feito parte da geração de músicos, DJs e produtores que deram novos rumos para a música eletrônica a partir dos anos de 1990, Aphex Twin (Richard D. James) sempre foi classificado como o mais estranho da turma. Muito desse perfil, não só por suas composições serem atípicas, mas pelo próprio artista fazer o papel de esquisitão dentro do meio musical.

Com uma carreira já extensa, da qual começou na adolescência durante a década de 1980, Aphex acabou virando objeto de culto por onde passava. Muito do mérito, devido ao caráter autodidata em criar os seus próprios instrumentos e da forma como os utiliza para gravar os seus álbuns.

Com essa autonomia, além de ter acesso a diferentes modelos de sintetizadores e usufruindo de todos os tipos de recursos sonoros disponíveis, o músico irlandês acabou criando uma identidade peculiar dentro do cenário da música eletrônica. A abordagem adotada, o mantém em relevância até aos dias de hoje.

O caráter inato fica evidente em seus álbuns, que já foram classificados de abstratos e metalinguísticos, variando entre melodias e ruído, porém o produtor não se importa com essas nomeações, a cada disco, há uma discreta evolução.

T69 Collapse, não tem muita diferença radical em relação aos trabalhos anteriores do produtor, ouvimos Aphex Twin em sua forma pura, recheado de firulas e estranhezas auditivas, com os seus ritmos quebrados, constantes mudanças harmônicas entre inúmeros filtros e infinitas distorções. O clima Lo-Fi, está incluso na estrutura moderna composta, com o diálogo sempre em equilíbrio.

As faixas possuem os títulos enigmáticos e sem um objetivo claro, Aphex explora ao máximo os recursos que possui para criar todo esse universo sonoro que o tanto fascina. E dando aos fãs um produto que fará a alegria daqueles que admiram esse ambiente ressoante criado pelo artista.

O EP ganhou um videoclip no melhor estilo Glitch Art, que contém uma referência ao criador/programador Markus Persson, responsável pelo Jogo minecraft, que no ano de 2014, comprou por 46 mil dólares, o vinil ‘Caustic Window’, só com faixas raras de Aphex Twin.

Por ser curto, — tem em média 28 minutos —, o EP é dinâmico e não esgota o ouvinte, deixando todas as constantes variações acessíveis. ‘Collapse’ relembra a melhor fase do produtor, mas sem um aparente saudosismo.

Quem acompanha as obras do artista, sabe que o músico não segue o padrão formal do mercado, o mesmo prefere caminhar na contra mão. Essa linha de pensamento é visível em seu EP anterior Cheetah (2016), que tinha como atrativo, a paciência em programar o difícil sintetizador Cheetah MS800 para criar o homônimo EP.

T69 Collapse está sendo lançado pela Warp Records nos formatos, CD, Vinil, Streaming e Fita Cassete.