segunda-feira, 30 de maio de 2011

A ressaca 2


Uma continuação feita na época certa (dois anos após ao primeiro filme de 2009) e repetindo a mesma história do filme anterior: um grupo de amigos procurando saber o que fizeram na noite passada após a uma amnésia acoolica.

Se beber, não case! 2 tenta conseguir o mesmo impacto e surpresa do filme original, porém se torna uma cópia do primeiro com humor mais grotesco e esquecendo a diversão. O primeiro filme se apresentava como uma comédia adulta sobre uma situação um tanto absurda. Na atual continuação temos uma situação muito mais absurda, mas sem os risos que o primeiro filme proporcionou.

Em todo o filme temos um ritmo bem devegar para disfarcar o roteiro poucas situações, que acabar deixando o caminho aberto para os atores tamparem as falhas da história com os seus personagem, que por sinal é ponto forte de todo o filme.

Apesar de mal explorado as situações envolvendo crime, tráfico de drogas, zoofilia, corrupção de menores, prostituição e inúmeros outros casos ilegais, O filme só vale para rever os mesmos personagens em situações grotescas afim de causar algum riso.

Vale citar as fotos que aparecem durante os créditos finais. Um dos melhores momentos do filme recriando a altura do primeiro.



terça-feira, 10 de maio de 2011

Cabra Macho



Aproveitando a onda dos novos B Movies e a repercussão de um falso Trailer em Planeta Terror, o Diretor Robert Rodriguez resolveu dar vida ao tal Machete (Danny Trejo) usando todo o clima, narração e estética de um filme barato.

Apesar do filme tocar em um assunto delicado para o governo Americano (imigrantes), Machete diverte com todo o seu exagero. Faz tempo que o cinema de ação americano não apresenta um filme que não agrade somente aos fãs do genêro de filme B ou de ação pura.

Machete tem o seu valor pelo fato de trazer um protagonista latino e por abordar um assunto pouco explorado. além de ser extremamente divertido.

Uma das falhas de Machete, se não a única, é a sua imagem polida. Apesar que no início do filme, tem a tradicional sujeira na película, porém o resto do filme é bem limpo, que acaba dando uma quebra no clima Kitsch que o filme pede. Fora isso Machete é filme de ação digno de ser cultuado.

Destaque para o elenco feminino



domingo, 1 de maio de 2011

Blips, Blops e Tzuings!


A vanguarda sou eu

Um dos pais da música moderna, o maestro e compositor alemão ataca regentes famosos e diz que o gênero eletrônico ainda pode causar uma revolução

Sérgio Martins

Goste-se ou não das obras de Karlheinz Stockhausen, não há como negar a importância do maestro alemão para a música contemporânea. Nascido em 22 de agosto de 1928, no vilarejo de Mödrath, perto da cidade de Colônia, ele é considerado o maior compositor de seu país no período pós-guerra. Suas ousadias incluem a criação de concertos que incorporam barulhos da natureza e até um quarteto para helicópteros. Acima de tudo, Stockhausen é considerado o pai da música eletrônica. Por isso se tornou influente também no universo pop. Dos Beatles ao Grateful Dead, banda preferida dos hippies californianos, muitos foram os roqueiros seduzidos por seu vanguardismo. A nova geração tecno continua a venerá-lo. Stockhausen é a principal atração do Carlton Arts, festival que acontece de 25 de junho a 1º de julho em São Paulo. Ele fará duas apresentações na cidade, nas quais mostrará as obras Oktophonie, Kontakte e Hymnen. Nesta entrevista, feita por telefone de sua casa em Kürten, na Alemanha, Stockhausen não poupa críticas aos maestros da música tradicional e diz que não gosta de manter contato com o mundo exterior. "Atrapalha o meu trabalho."

Veja – O senhor é considerado um dos pais da música eletrônica...

Stockhausen – Na Europa dizem mais: que sou o papa desse gênero musical. Esses títulos me deixam orgulhoso.

Veja – Quando o senhor decidiu que seria um compositor diferente?

Stockhausen – Desde cedo quis me diferenciar dos outros autores alemães. Eu tinha aulas de música em um conservatório de Colônia e estava estudando a sonata para dois pianos e percussão do húngaro Béla Bartók. Foi quando ouvi no rádio uma obra de Stravinsky. Fiquei impressionado: aquilo era muito melhor do que música tradicional. Passei, então, a procurar outros estilos que fugiam da mesmice. Como as composições atonais do austríaco Anton Webern ou o lado mais experimental do jazz, como o bebop e o boogie-woogie. Até hoje procuro seguir essa filosofia.

Veja – O senhor era uma criança quando a II Guerra Mundial começou. Quais lembranças tem desse período?

Stockhausen – Eu era novo demais para lutar, mas perdi meu pai, vários primos e amigos queridos no campo de batalha. Trabalhei em um hospital na minha cidade natal, Colônia, e pude ver os milhares de feridos e a destruição de algumas jóias da arquitetura medieval alemã.

Veja – Como se sente a respeito do fato de maestros famosos, como Herbert von Karajan e Wilhelm Furtwängler, terem aderido ao nazismo?

Stockhausen – É melhor deixar os mortos repousar em paz.

Veja – Qual a opinião do senhor em relação ao crescimento do movimento neonazista na Alemanha?

Stockhausen – Eu não sei exatamente o que está ocorrendo, porque não leio jornais, não vejo televisão e muito menos compro revistas. Estou tão concentrado em minha obra que não tenho tempo a perder com o que acontece no mundo. A minha única fonte de informação é uma publicação sobre astronomia que um amigo me envia dos Estados Unidos.

Veja – O senhor acredita que existe vida em outros planetas?

Stockhausen – Em outras galáxias, sim. Na minha imaginação, já viajei para diversos planetas. Dessa maneira, consigo compor minhas melhores obras. Como o meu quarteto para helicópteros, uma das peças que me deixam mais orgulhoso.

Veja – Pelo menos o senhor ficou sabendo da polêmica com o maestro argentino Daniel Barenboim? Ele despertou a ira dos judeus ao propor a apresentação de uma ópera de Wagner em Jerusalém.

Stockhausen – Acho que os judeus deveriam separar a música de Wagner de seu passado anti-semita. E ninguém melhor do que Barenboim, que é judeu, para explicar isso e mostrar que Wagner é bom – ainda que ele nunca tenha me agradado. A única coisa que aturo de Wagner é a abertura de Tristão e Isolda.

Veja – O que o senhor pensa da obra de compositores clássicos como Bach, Beethoven, Brahms e Mahler?

Stockhausen – Bach provou que realmente é possível louvar a Deus por meio da música. Beethoven me ensinou a controlar um amplo leque de formas de expressão. Com Brahms, aprendi a ir sempre em busca das fontes originais. Mahler, finalmente, me fez ver que as emoções musicais mais intensas são capazes de nos aproximar de Adão, o primeiro homem.

Veja – O senhor foi companheiro de classe do maestro francês Pierre Boulez, outro talento da música moderna. Boulez é conhecido por espinafrar maestros e escolas musicais. O senhor compartilha dessas opiniões fortes?

Stockhausen – Eu conheci Pierre Boulez quando tinha 23 anos e fui estudar em Paris. Fomos alunos do compositor Olivier Messiaen. Somos muito amigos, mas eu não sei o que se passa na cabeça dele. Boulez gosta de espinafrar outros maestros, mas está regendo de maneira cada vez mais porca. Em 1997, eu o vi reger um concerto de Schumann em Osaka e foi terrível. Ele também estragou a oitava sinfonia de Bruckner. Boulez gosta de reger autores franceses sem expressão apenas para parecer moderno – mas esses concertos não acrescentam nada à sua carreira.

Veja – O que acha do italiano Claudio Abbado, regente da Filarmônica de Berlim?

Stockhausen – Ele é horroroso, fez coisas terríveis com as minhas criações. Claudio Abbado regeu um concerto meu na Alemanha e simplesmente estragou minha obra. Fiquei tão furioso que mandei uma carta para ele. Abbado nunca me respondeu. Depois, vim a saber que não havia ensaiado o suficiente. Dos catorze dias de ensaios previstos, compareceu apenas a dois.

Veja – É interessante, porque Claudio Abbado costuma gabar-se das muitas horas de ensaio gastas com a Filarmônica de Berlim.

Stockhausen – Sinceramente, ele não entende a minha obra. Claudio Abbado já havia destruído uma criação minha quando regia a orquestra do Alla Scalla de Milão. O problema desses maestros é que eles não conseguem entender a precisão das minhas obras. Elas têm de ser ensaiadas exaustivamente durante dez, doze dias até ficar perfeitas. Mas os regentes não têm tempo para isso. Eles sabem que podem ganhar até dez vezes mais tocando obras de Beethoven e Bach. Um dos poucos maestros que entendem a minha obra é o americano David Robertson.

Veja – O senhor consegue executar as obras que escreve para o piano?

Stockhausen – Você pode até não acreditar, mas sou um excelente pianista... Um excelente pianista! Só que hoje não faço mais solos. Apenas treino virtuoses.

Veja – Quem é o melhor intérprete de suas obras? Um homem ou um robô?

Stockhausen – Uma mulher. Qualquer uma.

Veja – Não cheira a enganação apresentar um concerto de música em que o senhor apenas aperta alguns botões?

Stockhausen – Minha obra é bem mais do que apertar botões. Ela exige ambientação. Os meus concertos costumam ser acompanhados de imagens projetadas num telão, e a sala de concerto precisa ter uma acústica impecável, com alto-falantes de boa qualidade. Vistoriar tudo isso dá muito trabalho.

Veja – Como o senhor lida com eventuais salas de concerto vazias e gente que não gosta de seu estilo musical?

Stockhausen – Sinceramente, não tenho esse tipo de problema. As salas em que toco estão sempre cheias e meus discos ainda vendem bem no mercado erudito.

Veja – Qual foi a pior reação dos admiradores da música tradicional a uma criação sua?

Stockhausen – Em 1957, uma rádio de Colônia transmitiu trechos da minha obra. A reação foi tremenda. Diversos críticos de música clássica diziam que eu estava destroçando uma arte divina. Um deles, chamado Blummer, sugeriu às estações de rádio que proibissem a execução das minhas obras. De repente parecia que estávamos de volta aos tempos do III Reich. Mas eu já tinha me acostumado a isso. Na minha estréia como compositor, em 1953, o mundo se dividiu entre os pró e contra Stockhausen.

Veja – Diversos músicos gostam de dedicar suas obras ao senhor. Já deparou com algumas dessas homenagens e teve vontade de gritar: "Mas não é nada disso!"?

Stockhausen – Qualquer músico que respeita a minha obra é digno da minha gratidão. Mesmo que o disco não esteja à altura do meu trabalho.

Veja – Hoje, parecem existir muito mais discípulos do senhor na música pop do que na música clássica.

Stockhausen – Sem dúvida, eles gostam da minha criatividade. Karl Bartos, líder do grupo alemão de música eletrônica Kraftwerk, chegou a parar uma apresentação da banda para fazer elogios rasgados à minha obra. Nos anos 60, quando dei aulas de música na Califórnia, havia integrantes das bandas psicodélicas Jefferson Airplane e Grateful Dead entre meus alunos.

Veja – O senhor chegou a ser convidado a participar de Sgt. Pepper's, o histórico álbum dos Beatles lançado em 1967. Por que essa parceria não se concretizou?

Stockhausen – Os Beatles sempre foram fãs do meu trabalho. Assim como eu, eles sempre tiveram muita criatividade. Fui procurado pelo empresário deles na época, Brian Epstein. Ele queria que eu bolasse arranjos para o grupo e fizesse um concerto ao lado deles. Mas Brian morreu e depois não consegui me entender com os novos empresários da banda. Por isso, minha participação em Sgt. Pepper's se resumiu a uma aparição na foto da capa.

Veja – O rock e o pop normalmente são associados ao uso de drogas. O senhor já as experimentou?

Stockhausen – Nunca usei drogas em minha vida. Nem sei que gosto elas têm. Ouvi dizer que Jefferson Airplane e Grateful Dead eram movidos a drogas, mas nunca vi nada. Você tem de entender que esses grupos surgiram nos anos 60, uma época em que todo mundo experimentava LSD. Eu também soube que meu filho mais novo usou drogas quando estava na faculdade, mas agora ele está levando uma vida normal.

Veja – Qual o futuro da música eletrônica?

Stockhausen – Há quase cinqüenta anos tenho dito e escrito que a música eletrônica será o gênero mais importante da evolução musical. E isso não apenas por questões técnicas ou pela maneira pouco ortodoxa com que lidamos com o tempo de execução das obras. Ao revolucionar nossa maneira de ouvir, a música eletrônica pode revolucionar nossa maneira de viver.

Veja – Normalmente, os artistas de música eletrônica costumam usar a técnica do sampler: pegam trechos de obras alheias e não pagam direitos autorais. O senhor já foi sampleado?

Stockhausen – Eu não me importo de ser sampleado e muito menos corro atrás de direitos autorais. Até hoje apenas um músico alemão desconhecido admitiu ter roubado minhas criações. Ele usou trechos de três obras minhas para fazer outra música. O sampler sempre existiu na história da música, apenas tinha nome diferente. Chamavam de "copiar estilos". Johann Sebastian Bach, por exemplo, foi o primeiro grande sampleador da história. Bach criou algumas de suas obras a partir de trechos que roubou de outros autores barrocos.

Veja – Um de seus discípulos, Holger Czukay, disse que a melhor maneira para um músico não prostituir sua arte é casar com uma mulher rica. O senhor compartilha da mesma opinião?

Stockhausen – Não, eu sempre tive condições de ganhar meu próprio dinheiro. Desde criança, até os dias de hoje, minha música garantiu tudo o que tenho.

Veja – O senhor tem seis filhos. Procurou incutir neles o seu gosto musical?

Stockhausen – Meus seis filhos têm interesses musicais muito diferentes dos meus. Três deles são excelentes músicos profissionais. Eles tocam composições mais suaves, e acho que o fazem de maneira excelente. O quarto é flautista e professor de música e os outros dois preferiram não seguir a mesma carreira do pai.

Veja – Dizem que a música de Mozart e de outros compositores clássicos ajuda a desenvolver a inteligência dos bebês. O seu trabalho tem também um alcance educativo?

Stockhausen – Acho que sim. Muitas crianças foram criadas ao som de uma das minhas obras mais importantes, Zodiac.

Veja – A palavra "vanguarda" ainda faz sentido para o senhor?

Stockhausen – Pense de outro jeito. Enquanto eu estiver vivo, a palavra "vanguarda" ainda fará sentido para o mundo.


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