Quando surgiram no cenário carioca
de bandas independentes do final dos anos de 1990, o grupo Autoramas já vinha recebendo elogios pelo seu estilo retrô adotado,
que fazia uma alusão direta ao rock de garagem instrumental da década de 1960.
O que parecia uma ideia fora do padrão do mercado da época, acabou dando certo.
Em Libido (CD/Vinil/Streaming e Cassete — HBB/ Soundflat Records),
o quarteto mantém a mesma musicalidade de seus discos anteriores, sem muitas
variações, prevalecendo o clima vintage
em suas músicas. Não chega a ser uma banda parada no tempo, ou muito menos uma
releitura de um estilo do passado, na verdade soa como uma homenagem a uma
vertente pioneira do rock and roll underground.
Há faixas poderosas como Ding Dong — essa com um videoclipe
gravado com uma câmera que registra imagens em 360⁰ —, No Futuro e Eu Não Sei Mas
Eu Não Sei (I Know But I Don't Know)
original do grupo Blondie (1978)
que já foi regravada pela Gang 90 em
1983. Além de músicas como Sofas,
armchairs and chairs entre outras, alternando entre o inglês e português.
O disco é pura diversão com as
suas guitarras distorcidas, vocais com filtro de rádio antigo, jeitão low-fi e o clima de festa; para
completar o pacote, há o sempre caprichado design na arte de seus álbuns, que
aqui foi desenhada pelo alemão Julian
Weber. E dessa geração 90, os Autoramas
é o conjunto que soube desviar das constantes mudanças que o mercado musical
sofre, sem precisar alterar a sua sonoridade oldschool, primando o conceito estético do qual se sustentam até
hoje.
A atual formação da banda conta
com Gabriel Thomaz (voz e guitarra),
Érika Martins (voz, teclados,
mini-guitarra e percussão), Jairo Fajer
(baixo e vocal) e Fábio Lima (bateria),
que são os artistas responsáveis por toda a farra sonora que houve em seu
oitavo disco em mais de 20 anos de atividade.
E pelo que se percebe em Libido, não há nenhum vestígio de
cansaço ou desgaste, mostrando que o conjunto ainda tem energia e criatividade
de sobra. Mesmo não tendo os holofotes que merecem, os Autoramas seguem firme no caminho que escolheram.
Disco feito para ouvir em volume
alto.
