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terça-feira, 10 de outubro de 2023

Coletânea que reúne trabalhos dos artistas pioneiros na música eletrônica indiana finalmente é lançada

Texto original por: Jude Rogers (The Guardian)

Em 2016, o artista e músico britânico Paul Purgas teve sua curiosidade despertada: ele tinha lido que o músico eletrônico David Tudor (1926—1996), um colaborador próximo de John Cage (1912—1992), levou um sintetizador Moog para o National Institute of Design (Instituto Nacional de Design - NID) em Ahmedabad, Índia, em 1969. Isso chamou a atenção de Purgas. As máquinas eram muito novas na época; volumosas, frágeis e um pesadelo para transportar.

Além disso, a Índia, até onde ele sabia, não tinha histórico de música eletrônica antes do lançamento de "Ten Ragas to a Disco Beat" de Charanjit Singh em 1982, que passou despercebido na época, mas foi proclamado um clássico proto-acid house em seu relançamento em 2009.

O artigo que ele estava lendo mostrava o Moog agora, infestado de formigas e desgastado, resgatado por um antigo aluno. Empolgado, Purgas reservou uma viagem para encontrá-lo. Ele acidentalmente descobriu algo maior: um arquivo de gravações esquecidas que não tinham sido tocadas por quase cinco décadas. Isso o levou a uma história fascinante que ele explora em um novo documentário da BBC Radio 3, "Electronic India". "Basicamente, encontrei as raízes da música eletrônica indiana em uma caixa em um armário de biblioteca", ele ri. "Faixas com títulos como 'Space Liner 2001', e outras que pareciam minimal techno duas décadas adiantadas. Eu simplesmente não conseguia acreditar."

Purgas fez sua primeira viagem a Ahmedabad em 2017; é uma cidade empoeirada e movimentada que está mudando rapidamente. "Foi onde Gandhi fundou seu primeiro ashram (retiro espiritual), e também se tornou um campo de testes para novas ideias no pós-independência", explica Purgas. "Tinha muitos edifícios modernistas bonitos, mas alguns deles agora estão em estado de deterioração. É como um sonho do passado da nova Índia."

Central para esse sonho estava uma famosa família de intelectuais radicais, os Sarabhais, que ajudaram a estabelecer o NID. Eles educaram seus filhos com métodos inspirados por Montessori e a Bauhaus, e conviveram em círculos internacionais com arquitetos e designers como Mies van der Rohe, Charles Eames e Le Corbusier (que projetou a casa deles nos primeiros anos após a independência da Índia).

A filha deles, a musicista Gita, teve uma grande influência em Cage, apresentando-o à música clássica indiana, filosofia e ao conceito de silêncio quando se encontraram nos EUA na década de 1940. Como parte de um programa internacional financiado conjuntamente pela Fundação Ford dos EUA e pelo governo indiano, ela também trouxe Tudor para o NID por quatro meses em 1969 para criar um estúdio de som; ele enviou o Moog em caixas de madeira de Nova York.

Apesar do curto período de Tudor lá, o Moog foi usado por estudantes até 1973, como Purgas descobriu quando encontrou uma anotação manuscrita em um caderno amarelado mencionando a existência de fitas na biblioteca do NID. Ele as localizou rapidamente, há muito tempo intocadas e perfeitamente preservadas, com títulos e os nomes de cinco compositores cuidadosamente anotados em suas capas.

Purgas tentou reproduzi-las imediatamente, mas levou um choque elétrico do gravador de Fitas Magnéticas (Reel to Reel) do instituto antes de começar. "Foi um alerta. Eu tinha o ponto zero da música eletrônica para a Índia nas mãos e não sabia nada sobre conservação de fitas." E assim, ele voltou para casa, estudou e escondeu um gravador de Fitas Magnéticas em sua bagagem de mão na volta.

Ao ouvir as gravações cronologicamente, ele ficou surpreso: as aproximações da música clássica indiana deram lugar a composições com nomes como "Pássaros" ou "Bolhas" que comunicavam ambientes naturais por meio de sons sintetizados. "Então, elas se tornaram mais experimentais e livres, como se o Moog estivesse ajudando-as a se desconectar das tradições do país. Elas se tornaram ligadas a ideias do tecno-imaginário e a novos futuros."


Faixas nesse estilo incluíam "Dance Music" de SC Sharma, de 1972, que, com seu ritmo pulsante e melodia sombria, soava como uma faixa do Aphex Twin dos anos 1990. Ou os 30 minutos de "Space Liner 2001", criados pelo único dos compositores que ainda estava vivo, o agora septuagenário Jinraj Joshipura. Purgas o achou em Porto Rico; o momento em que conversaram pela primeira vez está registrado no documentário.

Purgas descobriu uma afinidade imediata com a história de Joshipura: ambos tinham sido estudantes de arquitetura que abandonaram seus interesses em som eletrônico em décadas diferentes porque suas famílias não aprovavam. Purgas retornou a essa paixão mais tarde, enquanto Joshipura não o fez até agora. "Minha família achava que isso não tinha potencial de carreira", diz Joshipura hoje, com um sorriso triste, via Zoom. Isso, apesar de Tudor ter ajudado seu aluno a garantir uma bolsa de estudos  totalmente financiada para estudar nos Estados Unidos.

Joshipura seguiu uma carreira fascinante, abrangendo trabalhos pioneiros em energia renovável, desenvolvimento de software e arquitetura em todo o mundo. No entanto, ele ainda brilha visivelmente quando descreve seu primeiro encontro com o Moog. "Não tínhamos uma TV em casa na época. Fazia todo o meu trabalho com lápis e papel. E de repente, por uma porta, fui transportado da minha realidade muito mundana para esse mundo futurista de eletrônicos exóticos."

Ele explica que não havia uma cena eletrônica colaborativa no instituto, já que a natureza complexa do Moog significava que cada estudante compunha separadamente. Ele também lembra que reconectar os muitos cabos analógicos que compunham cada patch toda vez que reservava um horário levava muito tempo. Joshipura trabalhava das 20h às 23h todos os dias, em uma sessão individual com Tudor, depois desenhava o seu padrão de cabos analógicos com lápis coloridos, para que pudesse se lembrar do que tinha feito.

Space Liner 2001" surgiu porque ele era um grande fã do filme de Stanley Kubrick, "2001: Uma Odisséia no Espaço (1968)". "Eu adoro a 'Danúbio Azul' de Strauss na trilha sonora, mas sabia que músicas como essa não tocariam no espaço. Como o sintetizador estava tão fora de qualquer outra experiência que eu tivera, eu estava pensando mais em criar música que se sentisse fora de tudo, que estivesse à margem da história." De fato, a faixa soa como uma curiosidade da era do Spacelab (1978), a faixa espacial e melancólica do Kraftwerk lançada nove anos depois.

O Moog era um instrumento libertador nesse sentido, oferecendo a um estudante indiano de 19 anos a mesma chance que Ralf Hütter e Florian Schneider (1947—2020) tiveram de criar música livre de qualquer contexto nacional ou histórico, para definir novos caminhos.

Joshipura também ficou fascinado com o potencial revolucionário do Moog. Como jovem estudante, ele tinha grandes planos de sintetizar sons no corpo em associação com osciloscópios, visando avançar na medicina; ajudar a reconhecer padrões na fala de animais, o que poderia auxiliar na tradução; e também usar sons sintetizados para ajudar submarinos a se comunicarem debaixo d'água. "A última ideia mostra que eu era um grande fã de James Bond quando era adolescente", ele ri.

No entanto, essas ideias inovadoras foram o que lhe garantiu a bolsa de estudos que ele não chegou a aproveitar. "O trabalho multidisciplinar ainda não é valorizado da mesma forma", ele diz, com pesar.

Joshipura realmente percebeu que os sintetizadores revolucionariam a música naquela época, embora ele admita que não previu a miniaturização deles. Após nossa conversa, ele me envia um esboço de 1972 mostrando como ele achava que os instrumentos se conectariam a um grande Moog.

Ele acompanhou a música eletrônica ao longo das décadas e gosta particularmente do produtor francês M83. "Ser contatado por Paul também me incentivou a finalmente desenvolver minhas ideias", diz, entusiasmado. "Mas eu teria que trabalhar com um instituto progressista, para que outras pessoas possam dar continuidade ao meu trabalho. Não podemos permitir que o que aconteceu no NID se repita, com tudo sendo simplesmente guardado e esquecido."

Infelizmente, Purgas nunca encontrou o Moog. Dhun Karkaria, o ex-aluno que o resgatou, faleceu durante a produção do documentário. No entanto, o que Purgas encontrou significou muito mais. "Encontrar a alegria da experimentação pura no som se estendendo tanto a leste quanto a oeste, naquele tempo ... dando à Índia uma voz na conversa internacional sobre música eletrônica e perceber que essa história ainda não acabou. Isso significa tudo."

Para ouvir:

NID Tapes: Electronic Music from India 1969-1972 (Band Camp)

O Livro:

Subcontinental Synthesis: Electronic Music at the National Institute of Design, India 1969–1972 (Link)

Fonte: The Guardian

DJ Music Mag

 

 


 


sábado, 1 de julho de 2023

The Chemical Brothers anuncia biografia


A dupla inglesa de música eletrônica The Chemical Brothers informou o lançamento de sua biografia chamada “Paused in Cosmic Reflection” que está com data de lançamento agendado para o dia 26 de outubro pela editora White Rabitt.

O livro escrito com a ajuda do autor e amigo Robin Turner, que já acompanha a dupla desde o ano 1994, conta com relatos Ed Simons e Tom Rowlands (que são os próprios Chemical Brothers) além de declarações de outros artistas que contribuíram com a dupla ao longo dos anos como o Cantor Beck Hansen, Noel Gallagher (ex-Oasis), Wayne Coyne (The Flaming Lips) entre outros.

Os Irmãos Químicos deram uma nota sobre o livro:

Robin faz parte de nossa família extensa desde 1994, aparecendo em nossos primeiros sets de DJ. Desde então, ele nunca deixou a pista de dança, seja em um porão de pub lotado ou na frente de uma multidão de festival, independentemente do clima, do Pyramid Stage (o palco principal do festival Glastonbury e um dos mais famosos no mundo) ao Fuji Rock ( festival de rock que acontece cidade Nigata no Japão ) e todos os pontos intermediários.

Quando ele nos procurou alguns anos atrás com a ideia de um livro com um ótimo título que uniria os pontos entre nós e muitos dos incríveis colaboradores musicais e visuais com quem trabalhamos ao longo dos anos, fez todo o sentido. Ele queria contar as histórias dos clubes em que começamos, de como as músicas cresceram de germes de ideias para músicas ouvidas em todo o mundo, dos shows que cresceram em escala ano após ano, de nossos vídeos favoritos e de todos os visuais ao vivo dos quais estamos incrivelmente orgulhosos."


 

Paused in Cosmic Reflection” conta com o design de Paul Kelly e as artes de feitas por Kate Gibb que assinou as principais ilustrações para os discos da dupla.

O livro está em pré-venda em diversos sites e há também edições limitas

Mais informações em: Editora White Rabitt  e Cosmic Reflection

Fonte : Pitchfork


sábado, 25 de fevereiro de 2023

Daft Punk relança “Random Access Memories” em edição especial


 

A dupla Daft Punk  (1993-2021) informou o relançamento do seu premiado discos Random Access Memories (2013) com faixas extras e outros materiais inéditos.

Em seus 28 anos de atividade sonora, a dupla formada por Thomas Bangalter e Guy-Manuel de Homem-Christo foram um grande sucesso na pistas dança em todo o planeta com suas faixas cheia de senso de humor, que deram uma impulsão significa na cena musical durante a década de 1990, gerando uma influencia em vários artistas que vieram posteriormente.


RAM
, foi o trabalho da dupla que conquistou o maior número de indicações ao Grammy e foi o disco de música eletrônica que recebeu a maior quantidade prêmios, no total de cinco.

A edição especial de 10 anos de RAM (CD duplo, Vinil triplo, streaming e download) faz parte da serie de itens que a dupla está liberando de seu vasto arquivo artístico. 

Em 2022 o duo librou na Twich, uma apresentação realizada em 1997 no Mayan Theatre, em Los Angeles, no auge da renovação da nova cena eletrônica que aparecia nos anos de 1990. Que demonstra a atenção que Daft Punk conquistou no início de sua carreira.

Mais informações em DaftPunk

Revista DJ Music

 


sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Gary Numan anuncia novo álbum para 2021

 

O músico inglês Gary Numan, um dos pioneiros do Synthpop, informou o lançamento de seu 18 álbum para o ano de 2021. Em uma nota para a imprensa, o artista afirma que “Intruder” é uma continuação direta de seu trabalho anterior Savage (Songs from a Broken World), de  2017.

Como o próprio Numan explica, “Intruder olha para a mudança climática do ponto de vista do planeta. Se a Terra pudesse falar e sentir as coisas como nós, o que diria? Qual seria a sensação? As canções, em sua maioria, tentam ser essa voz, ou pelo menos tentam expressar o que eu acredito que a terra deve sentir no momento.”

O planeta nos vê como seus filhos agora crescidos em um egoísmo insensível, com um desprezo total pelo seu bem-estar. Parece traído, magoado e devastado”, acrescenta. “Desiludido e com o coração partido, ele agora está reagindo. Essencialmente, ele considera a espécie humana como um vírus que ataca o planeta. A mudança climática é o sinal inegável de que a Terra está dizendo basta e, finalmente, fazendo o que precisa para se livrar de nós e explicando por que sente que tem que fazer isso. ”  Nesse ponto, Numan imagina o COVID-19 como “a primeira arma que o planeta usa para erradicar a humanidade e florescer novamente”.

Em 11 de janeiro está programado o lançamento do primeiro single de Intruder e o disco completo para Maio de 2021.

Mais informações em: Gary Numan

Fonte: consequenceofsound

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Goldie



A década de 1990 foi marcada por novas tendências em diversas áreas do entretenimento, além de apresentar uma renovação considerável tanto na parte cultural quanto social. Mudanças que trouxeram melhorias que acabaram tendo reflexo em vários meios de consumo.

E dentro desse cenário de inevitáveis transformações, a Dance Music, sem dúvida, foi o meio que apontou o maior número de inovações e de novos gêneros musicais, estilos que até hoje se encontram em evidência na cultura pop musical. 

Goldie junto com o produtor e DJ Roni Size, foram fundamentais para a propagação do Drum and Bass em meados desta década. O gênero que até então, só era conhecido pelo meio underground e por quem frequentava as festas alternativas que eram realizadas nos subúrbios de Londres, e nesse mesmo período, Goldie criou o selo Metalheadz, uma das gravadoras essenciais para a disseminação do D&B.

Com o tempo, e com uma correta divulgação dessa nova cena eletrônica, o Drum and Bass acabou se tornando um estilo extremamente popular, muito desse fato, devido ao sucesso do single Inner City Life do álbum Timeless (1995), faixa produzida por Goldie, da qual recebeu inúmeros elogios e ficando em primeiro lugar em várias rádios pela Europa, e se tornado muito presente em diferentes pistas de dança fora da Inglaterra, transformando essa música e principalmente o D&B, em um gênero famoso.  

Em The Journey Man (2017 – Metalheadz), Goldie utilizou de uma abordagem mais fluída em suas composições, apresentado um trabalho com músicas mais livres, flertando com outros gêneros, como Soul, Jazz e R&B, criando uma fusão de vários estilos diferentes, mas sem perder os elementos característicos do tradicional Drum and Bass. O que ouvimos é um disco de música eletrônica que trilha por um caminho único.

Muito desse caráter, se deve a atual formação de Goldie, que além de DJ e produtor, adquiriu o título maestro em meados da década de 2000. Mas The Journey Man não chega a ser uma obra erudita ou de difícil audição. Na verdade, é um trabalho mais polido e versátil para os padrões atuais da Dance Music e do próprio Drum and Bass. Deixando o álbum em uma posição expressiva dentro do mercado musical. 

De faixas com o peso de “Prism” e Redemption” e passando pela “Truth”, percebemos que Goldie se mantém firme no gênero que ajudou a construir e demonstrando que ainda possui material relevante a ser produzido, e sem nenhum vestígio de estagnação artística.