Original da cena prolífera de música eletrônica brasileira, que ajudou a botar o país no mapa dos grandes produtores e DJs que trabalham com emusic ao redor do mundo, o paulistano Gui Boratto chamou a atenção logo em seu primeiro disco Chromophobia (2007) do qual apresentava um álbum recheado com um Minimal Tech mais alinhado, que contribuiu para que seu nome fosse catapultado para grandes eventos, além de mostrar que no Brasil se produz música eletrônica de qualidade. Com esse empenho e dedicação, o produtor acabou recebendo elogios de vários críticos em diferentes publicações sobre música eletrônica, incluindo um considerável público fiel. Chromophobia passou a fazer parte de listas de melhores do ano.
De 2007 em diante, Boratto ficou com uma agenda apertada de tantos festivais do qual se apresentava. O músico nesse meio tempo, lançou outras gravações como “Take My Breath Away” — uma continuação direta de Chromophobia —, “III” (2011) e inúmeros remixes e parcerias com diferentes artistas. E após o seu disco “Abaporu” de 2014, o produtor volta com o seu trabalho mais maduro.
Em “Pentagram” (2018- Kompakt) ouvimos o músico em sua melhor fase tanto musical quanto conceitual, apesar de que o álbum não aborda de fato as formulações geométricas e as formas rigorosas da arquitetura (antes de ser músico, Boratto era arquiteto); o disco tem uma sisudez e estética original. É recheado com uma boa coleção de faixas que irão agradar desde o mais purista em relação ao Minimal Tech, até o ouvinte mais moderno e livre de preconceito.
A partir de sua abertura com “The Walker” que tem uma pegada bem synthwave, até ao seu fechamento com a quase hipnótica e sintética “618”, o músico apresenta uma grande variedade de estilos e ritmos, mas sem fugir do clima de pista de dança. O disco não tem a agitação comum do qual se destina, Pentagram fica preso ao andamento desacelerado característico do Minimal, mas sem sua repetição exaustiva.
Faixas como “Scene 2”, “The Phoenix” são o contra ponto em relação as músicas mais agitadas,“Overload” (que tem sample de “Scene 1” do Chromophobia), “Alcazar”, “Hallucination” são o ápice, as composições podem fazer a festa nas mãos dos DJs mais exigentes. Já que Boratto compreende como funciona uma pista de dança sisuda, sem precisar apelar para uma abordagem mais estridente ou fácil. Não há apelo.
O que Boratto fez, foi rechear toda a sua base simples, com uma variedade de sintetizadores e instrumentos, deixando tudo soar orgânico e natural. De primeira, nem se assemelha ao disco genérico de música eletrônica dançante, aliás, “Pentagram” foge por completo desse estereótipo designado ao estilo tão diversificado que é a emusic. O que ouvimos, é um trabalho quase artesanal dentro da Dance Music.
O hiato de cinco anos entre “Abaporu” e “Pentagram” fez bem ao músico, que nesse intervalo pôde pensar e refletir na forma de como iria desenvolver todos os sons que se escuta em seu novo álbum. E dando a entender que o próprio procura trilhar por novos caminhos sensatos dentro e fora da Dance Music. “Pentagram” é o primeiro passo para esse inevitável amadurecimento.

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