O DJ, produtor e agitador cultural Moby, sempre foi uma figura respeitada e admirada dentro da cena musical americana, principalmente em Nova York no início da década de 1990, quando começou a atuar como DJ e por lançar discos de Techno Music que fizeram sucesso nas pistas de dança dentro e fora da cena pulsante da cidade norte-americana.
Com o tempo, suas produções foram tomando novos rumos e trilhando por caminhos que fugiam da cena clubber tradicional, apesar de que o músico sempre procurou misturar vários estilos musicais em seus álbuns, fazendo com que o seu trabalho final se apresentasse único.
E tendo uma criação relevante em conjunto com uma produção contínua, o nome de Moby cresceu de uma forma considerável no meio artístico. Comportamento que ajudou a atrair atenção da mídia e de outros artistas para o que produzia.
Em Everything Was Beautiful And Nothing Hurt (Little Idiot/Warner), ouvimos mudanças significativas se comparando com os trabalhos anteriores do produtor americano, aqui em seu novo álbum— O 15ª de sua carreira—, a novidade não se encontra em suas letras, mas em sua sonoridade. As guitarras que usou no passado e toda a estética marcante da Techno Music, agora dão ao lugar a um ambiente calmo e reflexivo.
Os sintetizadores, que outrora, forjaram clássicos da Dance Music underground, agora estão mergulhados em faixas de Downtempo e Triphop. Aqueles que esperam músicas nos moldes antigos poderão ter um desapontamento. O que nos é apresentado é um disco introspectivo. Saímos de uma pista de dança para um divã. Essa troca não desqualifica o atual disco, apenas fundamenta as questões que são abordadas pelo músico, muitas delas, senão todas, dentro do âmbito pessoal.
A insatisfação com o mundo atual, medo em relação ao futuro e uma forte crítica pessoal, dão o tom de todas as músicas. Apesar de que essa abordagem não assusta quem acompanha o trabalho de Moby, pois desde o seu disco Everything Is Wrong (1995), do qual se apresenta como um ativista na defesa de várias causas sociais, incluindo os direitos dos animais, meio ambiente, critica social entre outras.
Em outra observação, o que ouvimos, é o disco mais pessoal e maduro que Moby já produziu, mesmo tendo uma melancolia forte e sem os ‘Hits’ dançantes ou radiofônicos, “Everything...” pode ser um disco de transição para o renascimento de um novo artista no futuro, resta saber se o próprio irá permitir que isso aconteça.
A década de 1990 foi um momento importante para a música eletrônica, muito pelo fato desse instante em consolidar não só o gênero em si, mas o reconhecimento cultural de inúmeros músicos, produtores e DJs que ajudara a tornar esse estilo musical forte e de grande importância cultural. E Moby fez parte dessa geração tão prolífera.
Revista DJ Music
Revista DJ Music