segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Às vezes você precisa de muito tempo para escrever feito você mesmo

Escrever não é tão diferente de tocar um instrumento musical. As letras no teclado do computador são notas, que bagunçamos querendo escrever com boa sonoridade. No mínimo que a gente queira mostrar para outra pessoa, e na melhor hipótese o que foi criado sem pretensão pode ser importante para mais gente.

Uma das muitas dúvidas é o que importa para mais pessoas. Quando um texto nosso cai nas graças de uma galera é só alegria. Melhor ainda se voar pela internet em dúzias de compartilhamentos espontâneos – podemos alimentar a ilusão de que a nossa singela nota é tocada por aí, sem precisar se vender para que a ideia não circule apenas entre os nossos mais próximos. Se o texto soa nosso, a satisfação é infinita e nem o céu é o limite.

Provavelmente quem passou a melodia (textual) adiante nem ligue se é tão ‘autoral’ assim. É a mesma pauta de 20 anos atrás revisitada, é novo mesmo, não é novo mas quem fez tentou algo diferente da média então vale o esforço, era mais do que eu queria ouvir, me ajudou a relaxar, não é meu tipo de coisa mas vale pela descarga de adrenalina, isso é profundo e me trouxe uma experiência nova, não é tão bom mas eu precisava de uma dessa para relaxar e ok; sei lá o que passa na cabeça de cada um. Os voos livres do material e a falta deles podem tirar o foco de se criar algo tão próprio.

Quem busca criar uma voz autoral descobre rápido o quanto esse processo é demorado e até ingrato. É fácil largar um rascunho em favor de uma ideia que atinja mais gente, se isso realmente for garantido (doce autossabotagem), e também é abandoná-lo por achar que nem toda reescrita o salva – e completamente do além alguém nos dizer que a ideia presta e precisa ser lapidada. E às vezes uma nota boa no mês passado não satisfaz hoje, talvez porque quem a compôs não quer repetir o estilo, mudou completamente de prática e mentalidade, ou vá saber o nome da mudança.

É tudo subjetivo, desde o porquê escolhemos tal caminho dentro de uma pauta que recebemos, até a afinação usada quando a página está em branco e somos maestros de nós mesmos. Miles Davis disse uma frase genial sobre a busca meio idiota (talvez idiota e meio) por uma voz autoral: “cara, às vezes você precisa de muito tempo para soar como você mesmo”. O mestre do jazz tinha razão de sobra. As variações rítmicas de seu Kind of Blue e a bagunça polifônica do Bitches Brew são amostras de como Davis derreteu os neurônios criando músicas, desde as mais calmas daquele até as viagens deste álbum. Era o mesmo cara do jazz assinando dois discos fantásticos, talvez cada um tenha encontrado seu público em suas épocas de lançamento e também hoje, e alguns mais apaixonados pela obra dele conseguem traçar semelhanças e demais características dessas obras tão distintas. E Miles seguia compondo. Adaptando a frase dele à redação, seria “às vezes você precisa de muito tempo para escrever feito você mesmo”. Estamos na busca, Miles. Não sabemos fazer outra coisa. 

O Mercado de Notícias - Entrevista Geneton Moraes Neto

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Último fabricante de videocassetes no mundo encerra produção

O fabricante japonês de aparelhos eletrônicos Funai anunciou nesta sexta-feira (22) que vai encerrar a produção de videocassetes, deixando assim de ser a única empresa do mundo que ainda fabricava esses aparelhos. 

A Funai Electronics fabrica videocassetes desde 1983, tanto com sua própria marca, como também com o logotipo de outras empresas, como Sharp, Toshiba, Denon ou Sanyo. A Funai era a única que continuava a fabricar gravadores e reprodutores para um formato audiovisual considerado obsoleto, o VHS, depois de a Panasonic ter encerrado sua produção, há quatro anos. 

Segundo a empresa, um fornecedor não irá mais fabricar componentes fundamentais do videocassete, o que obriga a empresa a encerrar a produção, apesar de ainda haver demanda. 

"Uma empresa que estava fabricando componentes para nós disse que era muito difícil continuar produzindo-os com um nível tão baixo de vendas e decidiu parar a produção, o que nos levou a tomar nossa decisão", disse um porta-voz da companhia. 

A maioria dos videocassetes da Funai é vendida nos Estados Unidos, muitos deles com a marca Sanyo, para pessoas que têm grandes coleções em VHS. Uma pesquisa realizada há alguns anos pela Gallup revelava que 58% dos americanos ainda tinham um videocassete em casa. 

NEM TÃO TECNOLÓGICOS
 
Apesar de os japoneses serem conhecidos pelo seu apreço à tecnologia, as fitas de videocassete ainda são populares também no país, e redes de aluguel de DVD seguem presentes. O porta-voz da Funai disse que a empresa recebeu uma série de telefonemas de proprietários japoneses de fitas de vídeo que ainda não copiaram suas gravações de casamento ou outras ocasiões especiais para outros formatos. 

A Sony já havia abandonado em 2002 a produção de gravadores Betamax e anunciou, no ano passado, que deixaria de fabricar as fitas deste sistema, rival do VHS, desenvolvido por outro fabricante de eletrônica japonês que acabou formando parte da JVC depois. 

A Funai, com sede em Osaka, no oeste do Japão, chegou a vender cerca de 15 milhões de videocassetes por ano durante a época de maior popularidade do produto, entre meados dos anos 1980 e 1990, mas em 2015 vendeu apenas 750 mil. Atualmente, as unidades são produzidas na China.
 

terça-feira, 12 de julho de 2016

O que é que há, velhinho?

Conheça o gênio por trás de Patolino, Pernalonga e Cia

 

Você pode não saber, mas várioas de suas memórias mais gloriosas existem por causa de um cara chamado Charles "Chuck" Jones. Nascido em 1912, o mestre da animação final ajudou trazer a vida figuras como Patolino, Gaguinho e Hortelino Troca-Letras. Ele próprio criou personagens adoráveis ​​como Pepe Le Gamba, Wile E. Coyote, Marvin, o Marciano e o incrível Michigan J. Frog, aquele sapo maldito que só cantava quando não tinha ninguém olhando - para desespero de seu dono.



 

Sem Chuck, a gente nunca teria entrado em contato com a beleza minimalista de  "O ponto e a linha: Um Romance Matemático"

 





O Museu da Imagem em Movimento (New York's Museum of Moving), em Nova York está colocando Chuck Jones em um merecido pedestal, com a exposição "What's Up, Doc? " , ou como a gente aprendeu por aqui: O quê que há, Velhinho? Uma ode a arte da animação de Jones.
Chuck que faleceu em 2002. A exposição Abrange seis décadas e mais de 300 filmes.  O espetáculo itinerante presta homenagem a uma carreira estimadíssima por crianças e adolescentes do século XX.

Na mostra que começa em 19 de julho, os fãs de Jones poderão ver 23 de seus filmes de animação e 125 de seus esboços originais e storyboards. A coleção de memorabilia e arte serve para iluminar alguns mistérios. Por exemplo, a história por trás do Coyote foi inspirada por ninguém menos que Mark Twain.
Chuck conta: "Quando eu tinha seis anos de idade, li o que ele havia escrito no livro de 1872, Roughin It, -  O coiote é tão mirrado, e tão fino, e tão magro que uma pulga abandonaria o coiote para morder um velocípede ou uma bicicleta. Há mais comida em uma bicicleta do que  em um coiote. ". E dessa história surgiu o mais faminto dos coiotes.
Sobre os seus dois personagens mais famosos, Pernalonga e Patolino, ele comenta: "Patolino é quem nós somos, o Pernalonga é quem gostaríamos de ser".
Bem que o nosso MIS podia trazer essa exposição pra gente, né?

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Iron Man


Em algum lugar nos alojamentos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (M.I.T., da sigla em inglês), na sétima edição dos quadrinhos “The Invincible Iron Man”, 
uma aluna reclama do barulho vindo de um dos quartos. Mal sabe ela que o distúrbio é criado por aquela que virá a vestir a armadura do Homem de Ferro em um futuro próximo, Riri Williams -- ironicamente, o mesmo aconteceu com um de seus criadores.

Mike Deodato Jr. (nome artístico do paraibano Deodato Taumaturgo Borges Filho), desenhista brasileiro que trabalha há anos ilustrando diversos títulos da Marvel, conta ao G1 que não imaginava que a personagem, uma negra gênio de 15 anos, fosse anunciada nessa quarta-feira (6) como a substituta de Tony Stark.

Ao receber o roteiro criado por Brian Michael Bendis, cocriador da heroína e atual responsável pelas histórias do Homem de Ferro, o artista não fazia ideia de sua futura importância.

“Fiquei sabendo agora com a entrevista do Bendis”, explica Deodato, por telefone, sobre a revelação feita pelo roteirista à revista “Time”.

“Eu achava que ela ia ser a nova Máquina de Guerra. A Marvel não fala nada, né”, conta ele, sobre o herói que originalmente era o alter ego de James Rhodes nos quadrinhos e nos filmes. Melhor amigo de Stark, o militar sofreu recentemente um desfecho trágico nas HQs.

Criação

Já o processo de criação de Williams não foi muito diferente do que sempre acontece, mesmo considerando sua importância. Com dezenas de páginas para entregar, o ilustrador não tem muito tempo para sentar e discutir todos os aspectos com o escritor. “Foi como todas as vezes que eu criei um personagem com um autor. Você quase não conversa. Nosso meio não tem muito tempo pra pensar.”

No meio da correria, ele pelo menos conseguiu acrescentar uma característica própria à futura heroína. “Adicionei o que sempre achei legal, que foi aquele cabelo afro estilo Misty Knight, aquela amiga do Punho de Ferro”, diz Deodato.

“A personagem é mais construída ao longo da história, ao invés de já vir do esboço. Então eu vou ajeitando e pensando em coisas como a idade dela. O jeito dela falar é mais de uma adolescente, assim como a maneira como ela senta, sorri”, afirma. "Até a armadura dela ainda é feita meio nas coxas, mas vai se desenvolver."

Segundo ele, Stark vê na jovem mais que um reflexo de si mesmo. Com uma bolsa de estudos integral em um dos principais centros de pesquisa tecnológica dos Estados Unidos aos 15 anos, o super-herói vê em Williams alguém que pode superá-lo.

“Ela é um gênio, tem um QI maior que o do Stark, mas ainda é muito parecida”, conta. Apesar das semelhanças, a futura Homem de Ferro (Mulher de Ferro? Garota de Ferro? A Marvel ainda não confirma o título oficial) tem na idade sua maior diferença. “O Tony sempre pensa muito antes de agir e ela é mais impulsiva, mas acho que é mais algo de adolescente mesmo”, afirma.

Novos leitores

Williams é apenas o exemplo mais recente de uma série de mudanças apresentadas pela Marvel nos últimos anos em seus principais super-heróis. Em 2011, o latino negro Miles Morales substituiu Peter Parker como o Homem-Aranha em uma linha paralela da editora e encabeçou uma série de mudanças.

Atualmente, os leitores encontram um Capitão América negro, uma mulher como Thor, uma Capitã Marvel, um Hulk asiático e uma Ms. Marvel muçulmana. Mais do que diversificação, tais mudanças rejuvenescem o elenco da Marvel. Assim como Morales, os dois últimos são adolescentes, criados nas duas últimas décadas.

“Acho que a ideia é atrair novos leitores, porque o leitor americano envelheceu”, diz Deodato. “É um público que não se renovou. A maioria tem mais de 30, 40 anos, e a digitalização ajudou, mas ainda não refletiu nos mais jovens.” Para ele, é difícil que o leitor novo consiga se identificar com personagens que trazem consigo mais de quatro, cinco décadas de história. "Os principais heróis da Marvel existem há mais de 50 anos."

Saindo no braço

Tantas mudanças nem sempre são bem-vindas, principalmente em um mercado com um público que, apesar de pensar o contrário, na maioria das vezes se mostrou bem conservador. Mas o brasileiro não se preocupa com as críticas, desde que as transformações se traduzam em boas histórias.

“Tem que ter mudança sim, não pode ficar o personagem o tempo inteiro a mesma coisa. Os heróis precisam de conflito sempre. Quando botaram o Doutor Octopus na mente do Homem-Aranha muita gente reclamou, mas eu achei maravilhoso, criou histórias muito boas”, afirma.

“Escolho pessoas que eu confio na opinião para me dizer se está bom ou não. Não dá pra escutar a internet inteira. Quadrinhos é um negócio muito louco mesmo, mas ninguém me enche muito porque sabe que eu saio no braço”, ri ele, que deve trabalhar no título do herói apenas por mais quatro edições.

Deodato foi informado há um mês sobre a identidade do personagem que passará a desenhar em janeiro. Ele ainda não pode revelar qual é, mas a editora fará o anúncio em setembro. Dessa vez, pelo menos, não devem haver surpresas tão grandes no futuro do desenhista.


terça-feira, 28 de junho de 2016

Banca SP

Devo muito aos jornaleiros. Minha mãe me ensinou a ler. Mas quem me ensinou a gostar de ler foi a banca. Me parecia um lugar mágico, muito mais que uma biblioteca, porque sempre renovada, sempre em mutação, sempre quente. Eu gostava do seriado do Batman e do mundo mágico de Walt Disney, então comecei a ler Batman e os gibis dos patos. E o Manual do Escoteiro Mirim. E mais quadrinhos, e mais revistas, e livros bons e baratos.

Isso foi nos anos 70. De lá para cá a banca virou uma coisa bem diferente, e nossas necessidades de informação, conteúdo, mágica são atendidas de maneira muito mais diversa. O papel é só uma parte da informação que acessamos.

As bancas são também um centro importante de fomento cultural. A cena nacional de quadrinhos seria completamente diferente se nos anos 80 um grupo de artistas, jornalistas e fãs de HQ não tivessem passado a frequentar a banca Tiragem Limitada - que daria origem à loja Comix. Outras bancas reúnem outros grupos, até hoje.

E as bancas, claro, são um centro de convivência. O jornaleiro da esquina é parte da comunidade. Presta serviço a quem vive no pedaço, a quem está de passagem, presta informação, bate papo. O jornaleiro vive de entender sua rua, seu bairro, seu leitor.

Por isso tudo é que é importante que a banca sobreviva. Mas para sobreviver, a banca tem que mudar. E tem que mudar, inclusive, a sua fonte de receitas. Só revista, nos dias de hoje, não sustenta uma banca. Aí é que as bancas começam a ter um mix diversificado de produtos, conforme a necessidade do seu mercado. Mas isso não é o suficiente.

Por isso é que nos últimos dez anos, o número de bancas em São Paulo caiu de sete mil para 3500 bancas. Claro que tem as bancas melhores e as piores. Mas hoje, juntando a mudança no comportamento do leitor e a atual crise econômica, mesmo as melhores estão em apuros.

Devo tudo como profissional e empresário à banca. Fiz e faço revista e livro para jovem, inclusive criança bem pequena. Te garanto que as bancas continuam sendo centros importantes de difusão de informação e de opinião. E que elas seguem alimentando o amor à leitura.

Tenho interesse prático que as bancas sobrevivam, porque sou jornalista e editor (além de curioso profissional e fuçador da internet...). Veja bem, não morro de fome se todas as bancas fecharem amanhã. Mas já rodei o mundo e sei que cidade civilizada é cidade com banca boa na rua.

E por isso tudo é que é muito importante a aprovação do Projeto de Lei 236/2016, também conhecido como "Banca SP". Ele será votado nesta terça-feira. Foi aprovado na primeira votação, esta é a segunda.
Permitirá que as bancas paulistanas possam veicular publicidade em quatro espaços: um anúncio em cada lateral e dois na parte de trás da banda. Hoje já é assim, mas só pode ter publicidade de produto editorial. Com a lei a banca passa a poder ter publicidade de outros segmentos, como é hoje com os pontos de ônibus e relógios.

A palavra chave aí é "poder". Não quer dizer que todas as bancas farão isso. A adesão será totalmente voluntária. Por isso o argumento de que esse projeto de lei vai contra a Lei da Cidade Limpa é furado. A maioria das bancas hoje já tem cartazes anunciando revista e livros. Uma parte das bancas, provavelmente as que estão em localização mais privilegiada, com visibilidade maior, passarão a ter, em vez de cartazes de revista, cartazes anunciando automóvel, suco, tênis ou o que fôr.

O jornaleiro é um um pequeno empresário. Como em qualquer segmento, existem os mais empreendedores e os menos. Essa lei pode beneficiar muitos pequenos negócios. Fazer isso de maneira descentralizada. Ela exige contrapartidas.

O jornaleiro que aderir terá que fazer melhorias na sua banca, que vai desde trocar a estrutura metálica até colocar e cuidar de bancos e banheiro público. Melhor para a cidade. E veja só: uma parte desta receita extra irá como imposto para a própria prefeitura, e não para um caixa comum, mas justamente para o Fundo Municipal de Mobiliário Urbano e Paisagem Urbana.

Urbanistas importantes dizem que o projeto Banca SP é bom e moderno. Mas interesses poderosos estão querendo solapar esse projeto. Por interesse econômico das grandes empresas que hoje controlam a publicidade nos pontos de ônibus o relógios. Ou são colunistas que fizeram parte da administração Kassab, e aí é um interesse eleitoreiro, que simplesmente vai contra tudo que o atual prefeito faz ou propõe.

Não se trata de gostar ou não de Kassab ou Haddad. Não vamos politizar uma questão que é de todos. Idéia é boa é boa, não importa de onde venha. É mesquinhez fazer de São Paulo uma cidade mais burra. Nossas ruas são mais civilizadas com as bancas; nossas crianças aprendem a gostar de ler nas bancas; o jornaleiro presta um serviço importante pra gente. Vamos proteger isso e apoiar o Banca SP.

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Bud Spencer

O ator Bud Spencer, conhecido pelos filmes de pancadaria com Terence Hill, morreu nesta segunda-feira (27) em Roma, na Itália, aos 86 anos, informa a imprensa italiana, que cita um comunicado do filho do artista: "Papai se foi pacificamente, às 18h15. Ele não sofreu, estávamos todos ao seu lado e sua última palavra foi 'obrigado'".

Spencer, cujo nome verdadeiro era Carlo Pedersoli, ficou conhecido por sua atuação em filmes de western spaghetti (velho oeste produzido na Itália) nos anos 1970, como "Chamam-me Trinity" (1970), em uma longa parceria com o amigo Terence Hill. A dupla também fez diversos longas de aventura cômica, como "Dois tiras fora de ordem" (1977).

Ele nasceu em Nápoles, na Itália, no dia 31 de outubro de 1929, e chegou a se mudar com a família aos 17 anos para o Rio de Janeiro, mas retornou a Roma.
















terça-feira, 21 de junho de 2016

Aphex Twin - CIRKLON3 [ Колхозная mix ]

O músico, produtor, remixer irlandês Aphex Twin ( Richard David James) liberou recente um vídeo oficial para o seu novo EP intitulado Cheetah.

O curioso do vídeo, é a sua produção e edição, que foi feita por um menino de 12 anos chamado Ryan Wyer, morador da pequena cidade litorânea Rush que fica na Irlanda.  

Aphex Twin acabou encontrado Ryan pela web em seu canal no youtube, do qual Ryan produz vídeos sobre game reviews. Aphex gostou da forma como ele apresenta e edita os vídeos, e o convidou para criar esse inusitado vídeo. 

Este é o primeiro 'Clip' de Aphex twin em 17 anos, desde 'Windowlicker' dirigido por Chris Cunningham em 1999.

O EP de Aphex Twin intitulado Cheetah EP está agendado para ser lançado em 8 julho de 2016 pelo selo musical e produtora de vídeo Warp Records. Cheetah saira em Vinil, CD em fita K7.





segunda-feira, 20 de junho de 2016


O fim do jornalismo romântico

Material extraído do portal Comunique-se

É possível dizer que a fase para os jornalistas não é das melhores, ou que, por outro lado, nunca esteve tão boa.

Com as mudanças que aconteceram na área, sobreviveram aqueles que souberam se adaptar ao mercado. Do contrário, os mais antigos sofreram desde a tentativa de adaptação das redações até agora, em sua maioria desempregados, tentando se recolocar no mercado digital sem ter os pré-requisitos para manter-se nele — ainda insistem no jornalismo romântico. Este artigo busca trazer um panorama das principais mudanças que aconteceram no jornalismo do ponto de vista prático, de publicações, mensuração de resultados, demanda, passando pela morte dos títulos fantasia com a chegada do SEO, a agilidade que tirou da redação figuras como o pauteiro e o revisor (e, em algumas, o fechamento) e a “buzzfeedização”, que transformou reportagens em listas de apelo sentimental.

Introdução

Voltando um pouco no tempo (mas não muito) e fazendo uma breve recapitulação do que aconteceu com o jornalismo nos últimos anos (desconsiderando vários avanços tecnológicos e sociais, com o intuito de abreviar a análise, realmente), podemos começar por 2001, quando o Google lançou o que viria a ser o Google News: a seção de “últimas notícias”, alimentada com conteúdo de mais de 100 jornais on-line de língua inglesa. Surge, a partir de então, certo desconforto com relação às novas formas de produção e propagação de notícias.

Em 2005 o diário americano The New York Times anunciou a integração das redações impressas e on-line. Em 2006, o UOL, um dos primeiros portais de conteúdo brasileiro, completou uma década de existência e tornou o modelo de portal comum no Brasil. Paralelamente, o diário inglês Daily Telegraph lançou um manual de estilo para blogs, com objetivo de capacitar repórteres para escreverem nos blogs do veículo. Podemos dizer que nesse momento foi legitimada a existência do que viria a incomodar bastante a vida de alguns jornalistas: a figura do “blogueiro”. Com isso, entrou em discussão o exercício da profissão e, em seguida, no Brasil, colocou-se em questão inclusive a obrigatoriedade do diploma para a prática do jornalismo.

Enquanto isso, o Guardian adotou o modelo “Web first”, no qual notícias de correspondentes estrangeiros e de jornalistas de negócios eram publicadas primeiro na internet. A partir de 2008 inúmeros cases de manifestações e grandes eventos transmitidos em tempo real (boa parte via Twitter) trouxeram essa necessidade à tona. No mesmo ano, o NYTimes.com anunciou que apostaria na opinião de especialistas para anexar pontos de vistas às notícias quase que instantaneamente.

A palavra “fim”, um tanto apocalíptica, foi escolhida propositalmente para este artigo porque acompanha o drama e o sentimento com que as pessoas costumam lidar com o surgimento de novos meios. Um bom exemplo sempre recorrente é o de quando falava-se em “fim do rádio” com a chegada da televisão — e, no entanto, isso demorou mais para se aproximar do fim do que imaginavam (se é que chegou a esse “fim”). A questão precisa ser vista com um olhar mais otimista de renovação, movimento e adaptação — e menos pessimista de “fim”. Novas formas de consumo e novas formas de demanda pedem por novas formas de pensar o jornalismo a cada dia.


A “buzzfeedização” do jornalismo

Criado em 2006 por Jonah Peretti, ex-Huffington Post, o BuzzFeed chamou atenção logo em seus primeiros anos por popularizar notícias em formato de listas, testes, GIFs e memes — de gatos, principalmente. Modelos esses que foram depois adaptados pelos concorrentes, mas não com o mesmo sucesso porque não adotaram como cultura de empresa o jornalismo inovador, estratégico e participativo que atende às necessidades de cada ambiente e público digital.

Ao contrário do pensamento por trás do “Se tiver sangue, é manchete”, as pessoas demonstram querer matérias mais construtivas e otimistas. Isso é sabido graças a pesquisas e observações feitas a partir de compartilhamentos de notícias na maior rede social atualmente, o Facebook. Pesquisadores[1] acompanharam a lista das matérias do New York Times mais compartilhadas por e-mail durante seis meses de 2013 e descobriram que as pessoas tinham uma tendência muito maior de compartilhar matérias que despertavam sentimentos positivos. “O que é notícia, então?” é o questionamento que paira sobre os comunicadores. Os extremos devem ser equilibrados. Nem tanto o vídeo de gatinho que é sucesso de compartilhamento; nem tanto o enfoque em violência e desastres. Nem tanto o “caça-clique” com fofocas da vida de celebridades; nem tanto o sensacionalismo em cima da morte deles. Essa linha tênue do jornalismo é que precisa ser trabalhada por todo mundo, inclusive pelos leitores.

Listas, gifs e vídeos remetem às novas formas de consumir conteúdo. Com menos tempo e mais opções e recursos tecnológicos, é raro conseguir manter uma pessoa com uma leitura longa por muito tempo na mesma aba do navegador. Multitasks, as pessoas realizam várias atividades ao mesmo tempo. Conseguir levar alguém à página é um desafio; mantê-la lá é outro. Com as listas, a reportagem fica mais rápida e objetiva, sendo possível, ainda assim, manter o nível de grandes reportagens, mudando somente a formatação da notícia, ressaltando que não é preciso cair o nível do jornalismo.

Anúncios são (boas) notícias

Os anúncios também são notícias e as marcas aprenderam a usar a internet muito bem a seu favor. Há muito tempo os publieditoriais (ou posts patrocinados) são a principal fonte de renda dos blogueiros e alvo de discussões sobre ética. Um caso emblemático é o da blogueira fitness Gabriela Pugliesi, denunciada por consumidores em 2014 porque estaria promovendo conteúdo publicitário sem anunciá-lo como tal. O Conar (Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária) abriu um processo para investigar seu blog, Tips4Life, que também tem um perfil com milhares de seguidores no Instagram e no Facebook.

A suspeita é de que ela estaria elogiando produtos e divulgando marcas que pagaram pela propaganda positiva sem explicitar a parceria. Os chamados influenciadores (pessoas que transmitem uma mensagem e que geram impacto nas práticas de outras pessoas) passaram a competir com portais e outros veículos por oferecerem a possibilidade de resultados mais assertivos, já que falam para um público alvo bastante específico e que confia na opinião do influenciador em questão. Em alguns casos, apesar de a audiência ser até menor em números, o resultado é mais fácil de ser medido. E há de se considerar que muitos vloggers já ultrapassaram, em números, circulações de grandes revistas de nicho no Brasil.

Colaboração do leitor

Não é mais preciso ter um repórter em cada bairro da cidade de plantão. Com o mais simples dos smartphones, os leitores podem colaborar enviando texto, áudio e vídeo, contribuindo em tempo real para noticiar alguma ocorrência e manter a redação informada até a chegada da equipe de reportagem no local. Isso tem sido ampliado a aplicativos de colaboração para trânsito, alagamentos e outros serviços. Os equipamentos para gravar um vídeo, por exemplo, já são mais baratos e acessíveis. Em alguns telejornais, como o SPTV, da Rede Globo, os telespectadores enviam seus vídeos, que vão ao ar durante o programa e até fazem entradas ao vivo usando aplicativos de celular.

O SEO matou o título fantasia e os sinônimos

O SEO (Search Engine Optimization) é a prática de otimização, seguindo um conjunto de estratégias e regras, para melhorar o posicionamento nos buscadores especializados em busca por palavras-chave, que ganharam muita força no final dos anos 90 com o intuito de ajudar os usuários a encontrar informações rapidamente e sem custo algum. O SEO começou a ser adotado em grandes redações no Brasil, como na Editora Abril, a partir de 2007, aproximadamente. No SEO, quem manda é a palavra-chave do texto — o que elimina os românticos e criativos títulos-fantasia, substituídos por títulos diretos e objetivos, com a palavra-chave no começo, no “olho”, na url, na meta descrição e repetida algumas vezes ao longo do texto (levando em conta vários fatores, a média de densidade da palavra-chave recomendada no texto é de, geralmente, 5%). Ou seja, também é o fim da caça por sinônimos. “Cabelos” eram “cabeleira”, “madeixas”, “fios” e agora são só “cabelos” várias vezes para fortalecer a palavra-chave. Esses minutos de brainstorm
para títulos e sinônimos foram canalizados para pesquisar a busca pelo termo em questão, concorrência, melhor termo, títulos objetivos e atrativos.

O Google e o Google News

Enquanto este artigo era escrito, o Google anunciou uma parceria com oito veículos europeus para inovar o jornalismo on-line. A DNI, Digital News Initiative, mostra que o Google tem forte interesse na indústria de notícias e tem entendido que o jornalismo melhora a experiência para os usuários. Antes disso, a empresa tinha sido acusada de não proteger os direitos dos autores e, desta vez formalmente, por concorrência desleal, chegando a ficar fora do ar na Espanha depois de pressionado a pagar direitos autorais. Essa seria, então, uma maneira de garantir o bom relacionamento com a imprensa. Sobre o assunto, Caio Túlio Costa, jornalista e executivo na área de comunicação digital, escreveu:

Os jornais, no mundo inteiro, não têm conseguido quebrar a resistência do Google quanto a pagar diretamente pelo uso de seu conteúdo, seja nos resultados da busca seja nos resultados do Google News. Aliar-se ao Google, contudo, pode ser uma solução desde que os jornais tenham seus direitos protegidos e as contas mostrem que vale a pena dar as mãos para a mais poderosa empresa de mídia do planeta. A quebra da assimetria tem de se dar pela força que as publicações conseguem ao se unirem. Pelo tamanho do inventário possível de páginas para receber publicidade em direta proporção à qualidade, e contemporaneidade, do conteúdo jornalístico oferecido (Costa, 2014).

Facebook e o “instant articles”

Simultaneamente à produção deste artigo, o Facebook também anunciou uma novidade: o Instant Articles, em português, Artigos Instantâneos — ferramenta para oferecer uma experiência mais fluida e agradável para a leitura de notícias dentro da própria rede social. Não há nenhum tempo a perder: o tempo médio entre um usuário clicar em um link de notícias e começar a ler o texto é de oito segundos e, segundo a rede social, é tempo demais. Além da velocidade, a empresa garante que alterará seu esquema publicitário, permitindo que os anunciantes mantenham a receita total dos anúncios vendidos dentro da rede e vendendo publicidade para as empresas, neste caso mantendo 30% do dinheiro recebido. O alvo são grandes sites como BuzzFeed, The New York Times e National Geographic.

Considerações finais

O jornalismo teve a fase de resistência dos veículos impressos quanto à “ameaça” digital; teve a fase do pânico, em que remetia ao inevitável “fim do impresso”; teve a fase, enfim, da tentativa de adaptar as redações para as necessidades da internet; a fase de trocar a mão de obra, trocar os jornalistas “com mais tempo de casa” pelos menos experientes, porém com mais tato para as novas mídias; chegada a fase dos cortes, das demissões em massa, do enxugamento das redações, dos fechamentos de grandes títulos. Tudo isso, romântica e exageradamente falando, vai ficar na cabeça das pessoas quando se lembrarem desses anos de conflito e adaptação entre as mídias.

Os jornalistas precisam abrir mão da visão romantizada e glamourizada da profissão, pois a versão dos filmes já não existe mais. É preciso ser inteligente e ágil para compreender a internet e seus dados (tendências, contextos, métricas). Mais do que “estar” on-line ou “estar” nas redes sociais, é preciso ser flexível para entender como funcionam, quem é o público, do que precisam e o que pretendem. A receita não é “entrar na onda porque é moda”, “porque está todo mundo lá” — deve haver um propósito, um planejamento, uma estratégia. É quase como tratar o jornalismo como ação de publicidade — e a que ponto chegamos? Ao ponto de encarar como ação publicitária mesmo e fazer as coisas funcionarem.

O inesperado surpreende-nos. É que nos instalamos de maneira segura em nossas teorias e ideias, e estas não têm estrutura para acolher o novo. Entretanto, o novo brota sem parar. Não podemos prever como se apresentará, mas deve-se esperar sua chegada, ou seja, esperar o inesperado. E quando o inesperado se manifesta, é preciso ser capaz de rever nossas teorias e ideias, em vez de deixar o fato novo entrar à força na teoria incapaz de recebê-lo (Morin, 2011).

[1] Jonah Berger, professor da escola de administração Wharton e autor de “Contagious: Why Things Catch On” (Contagioso: Por que as coisas pegam, em tradução livre), e sua colega Katherine Milkman.

Este artigo foi produzido como trabalho de conclusão do curso de MBA em Redes Sociais, Colaboração e Mobilidade da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC–SP) que concluí no primeiro semestre de 2015.

*Jornalista e redatora-chefe do Blog Testosterona. Reveza entre chá verde e cerveja, batons estranhos e livros incríveis, corridas e cochiladas. Texto originalmente publicado no Medium. E-mail: francini.vergari@gmail.com.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Rules

1. Espantalho

Você desvirtuou um argumento para torná-lo mais fácil de atacar.

Ao exagerar, desvirtuar ou simplesmente inventar um argumento de alguém, fica bem mais fácil apresentar a sua posição como razoável ou válida. Este tipo de desonestidade não apenas prejudica o discurso racional, como também prejudica a própria posição de alguém que o usa, por colocar em questão a sua credibilidade – se você está disposto a desvirtuar negativamente o argumento do seu oponente, será que você também não desvirtuaria os seus positivamente?
Exemplo: Depois de Felipe dizer que o governo deveria investir mais em saúde e educação, Jader respondeu dizendo estar surpreso que Felipe odeie tanto o Brasil, a ponto de querer deixar o nosso país completamente indefeso, sem verba militar.
***

2. Causa Falsa

Você supôs que uma relação real ou percebida entre duas coisas significa que uma é a causa da outra.
Uma variação dessa falácia é a "cum hoc ergo propter hoc" (com isto, logo por causa disto), na qual alguém supõe que, pelo fato de duas coisas estarem acontecendo juntas, uma é a causa da outra. Este erro consiste em ignorar a possibilidade de que possa haver uma causa em comum para ambas, ou, como mostrado no exemplo abaixo, que as duas coisas em questão não tenham absolutamente nenhuma relação de causa, e a sua aparente conexão é só uma coincidência.
Outra variação comum é a falácia "post hoc ergo propter hoc" (depois disto, logo por causa disto), na qual uma relação causal é presumida porque uma coisa acontece antes de outra coisa, logo, a segunda coisa só pode ter sido causada pela primeira.
Exemplo: Apontando para um gráfico metido a besta, Rogério mostra como as temperaturas têm aumentado nos últimos séculos, ao mesmo tempo em que o número de piratas têm caído; sendo assim, obviamente, os piratas é que ajudavam a resfriar as águas, e o aquecimento global é uma farsa.
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3. Apelo à emoção

Você tentou manipular uma resposta emocional no lugar de um argumento válido ou convincente.
Apelos à emoção são relacionados a medo, inveja, ódio, pena, orgulho, entre outros.
É importante dizer que às vezes um argumento logicamente coerente pode inspirar emoção, ou ter um aspecto emocional, mas o problema e a falácia acontecem quando a emoção é usada no lugar de um argumento lógico. Ou, para tornar menos claro o fato de que não existe nenhuma relação racional e convincente para justificar a posição de alguém.
Exceto os sociopatas, todos são afetados pela emoção, por isso apelos à emoção são uma tática de argumentação muito comum e eficiente. Mas eles são falhos e desonestos, com tendência a deixar o oponente de alguém justificadamente emocional.
Exemplo: Lucas não queria comer o seu prato de cérebro de ovelha com fígado picado, mas seu pai o lembrou de todas as crianças famintas de algum país de terceiro mundo que não tinham a sorte de ter qualquer tipo de comida.
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4. A falácia da falácia

Supor que uma afirmação está necessariamente errada só porque ela não foi bem construída ou porque uma falácia foi cometida.
Há poucas coisas mais frustrantes do que ver alguém argumentar de maneira fraca alguma posição. Na maioria dos casos um debate é vencido pelo melhor debatedor, e não necessariamente pela pessoa com a posição mais correta. Se formos ser honestos e racionais, temos que ter em mente que só porque alguém cometeu um erro na sua defesa do argumento, isso não necessariamente significa que o argumento em si esteja errado.
Exemplo: Percebendo que Amanda cometeu uma falácia ao defender que devemos comer alimentos saudáveis porque eles são populares, Alice resolveu ignorar a posição de Amanda por completo e comer Whopper Duplo com Queijo no Burger King todos os dias.
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5. Ladeira Escorregadia

Você faz parecer que o fato de permitirmos que aconteça A fará com que aconteça Z, e por isso não podemos permitir A.
O problema com essa linha de raciocínio é que ela evita que se lide com a questão real, jogando a atenção em hipóteses extremas. Como não se apresenta nenhuma prova de que tais hipóteses extremas realmente ocorrerão, esta falácia toma a forma de um apelo à emoção do medo.
Exemplo: Armando afirma que, se permitirmos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, logo veremos pessoas se casando com seus pais, seus carros e seus macacos Bonobo de estimação.
Exemplo 2: a explicação feita após o terceiro subtítulo - "O voto divergente do ministro Ricardo Lewandowski e a ladeira escorregadia" - deste texto sobre aborto. Vale a leitura.
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6. Ad hominem

Você ataca o caráter ou traços pessoais do seu oponente em vez de refutar o argumento dele.
Ataques ad hominem podem assumir a forma de golpes pessoais e diretos contra alguém, ou mais sutilmente jogar dúvida no seu caráter ou atributos pessoais. O resultado desejado de um ataque ad hominem é prejudicar o oponente de alguém sem precisar de fato se engajar no argumento dele ou apresentar um próprio.
Exemplo: Depois de Salma apresentar de maneira eloquente e convincente uma possível reforma do sistema de cobrança do condomínio, Samuel pergunta aos presentes se eles deveriam mesmo acreditar em qualquer coisa dita por uma mulher que não é casada, já foi presa e, pra ser sincero, tem um cheiro meio estranho.
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7. Tu quoque (você também)

Você evitar ter que se engajar em críticas virando as próprias críticas contra o acusador – você responde críticas com críticas.
Esta falácia, cuja tradução do latim é literalmente “você também”, é geralmente empregada como um mecanismo de defesa, por tirar a atenção do acusado ter que se defender e mudar o foco para o acusador.
A implicação é que, se o oponente de alguém também faz aquilo de que acusa o outro, ele é um hipócrita. Independente da veracidade da contra-acusação, o fato é que esta é efetivamente uma tática para evitar ter que reconhecer e responder a uma acusação contida em um argumento – ao devolver ao acusador, o acusado não precisa responder à acusação.
Exemplo: Nicole identificou que Ana cometeu uma falácia lógica, mas, em vez de retificar o seu argumento, Ana acusou Nicole de ter cometido uma falácia anteriormente no debate.
Exemplo 2: O político Aníbal Zé das Couves foi acusado pelo seu oponente de ter desviado dinheiro público na construção de um hospital. Aníbal não responde a acusação diretamente e devolve insinuando que seu oponente também já aprovou licitações irregulares em seu mandato.
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8. Incredulidade pessoal

Você considera algo difícil de entender, ou não sabe como funciona, por isso você dá a entender que não seja verdade.
Assuntos complexos como evolução biológica através de seleção natural exigem alguma medida de entendimento sobre como elas funcionam antes que alguém possa entendê-los adequadamente; esta falácia é geralmente usada no lugar desse entendimento.
Exemplo: Henrique desenhou um peixe e um humano em um papel e, com desdém efusivo, perguntou a Ricardo se ele realmente pensava que nós somos babacas o bastante para acreditar que um peixe acabou evoluindo até a forma humana através de, sei lá, um monte de coisas aleatórias acontecendo com o passar dos tempos.
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9. Alegação especial

Você altera as regras ou abre uma exceção quando sua afirmação é exposta como falsa.
Humanos são criaturas engraçadas, com uma aversão boba a estarem errados.
Em vez de aproveitar os benefícios de poder mudar de ideia graças a um novo entendimento, muitos inventarão modos de se agarrar a velhas crenças. Uma das maneiras mais comuns que as pessoas fazem isso é pós-racionalizar um motivo explicando o porque aquilo no qual elas acreditavam ser verdade deve continuar sendo verdade.
É geralmente bem fácil encontrar um motivo para acreditar em algo que nos favorece, e é necessária uma boa dose de integridade e honestidade genuína consigo mesmo para examinar nossas próprias crenças e motivações sem cair na armadilha da auto-justificação.
Exemplo: Eduardo afirma ser vidente, mas quando as suas “habilidades” foram testadas em condições científicas apropriadas, elas magicamente desapareceram. Ele explicou, então, que elas só funcionam para quem tem fé nelas.
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10. Pergunta carregada

Você faz uma pergunta que tem uma afirmação embutida, de modo que ela não pode ser respondida sem uma certa admissão de culpa.
Falácias desse tipo são particularmente eficientes em descarrilar discussões racionais, graças à sua natureza inflamatória – o receptor da pergunta carregada é compelido a se justificar e pode parecer abalado ou na defensiva. Esta falácia não apenas é um apelo à emoção, mas também reformata a discussão de forma enganosa.
Exemplo: Graça e Helena estavam interessadas no mesmo homem. Um dia, enquanto ele estava sentado próximo suficiente a elas para ouvir, Graça pergunta em tom de acusação: “como anda a sua rehabilitação das drogas, Helena?”
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11. Ônus da prova

Você espera que outra pessoa prove que você está errado, em vez de você mesmo provar que está certo.
O ônus (obrigação) da prova está sempre com quem faz uma afirmação, nunca com quem refuta a afirmação. A impossibilidade, ou falta de intenção, de provar errada uma afirmação não a torna válida, nem dá a ela nenhuma credibilidade.
No entanto, é importante estabelecer que nunca podemos ter certeza de qualquer coisa, portanto devemos valorizar cada afirmação de acordo com as provas disponíveis. Tirar a importância de um argumento só porque ele apresenta um fato que não foi provado sem sombra de dúvidas também é um argumento falacioso.
Exemplo: Beltrano declara que uma chaleira está, nesse exato momento, orbitando o Sol entre a Terra e Marte e que, como ninguém pode provar que ele está errado, a sua afirmação é verdadeira.
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12. Ambiguidade

Você usa duplo sentido ou linguagem ambígua para apresentar a sua verdade de modo enganoso.
Políticos frequentemente são culpados de usar ambiguidade em seus discursos, para depois, se forem questionados, poderem dizer que não estavam tecnicamente mentindo. Isso é qualificado como uma falácia, pois é intrinsecamente enganoso.
Exemplo: Em um julgamento, o advogado concorda que o crime foi desumano. Logo, tenta convencer o júri de que o seu cliente não é humano por ter cometido tal crime, e não deve ser julgado como um humano normal.
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13. Falácia do apostador

Você diz que “sequências” acontecem em fenômenos estatisticamente independentes, como rolagem de dados ou números que caem em uma roleta.
Esta falácia de aceitação comum é provavelmente o motivo da criação da grande e luminosa cidade no meio de um deserto americano chamada Las Vegas.
Apesar da probabilidade geral de uma grande sequência do resultado desejado ser realmente baixa, cada lance do dado é, em si mesmo, inteiramente independente do anterior. Apesar de haver uma chance baixíssima de um cara-ou-coroa dar cara 20 vezes seguidas, a chance de dar cara em cada uma das vezes é e sempre será de 50%, independente de todos os lances anteriores ou futuros.
Exemplo: Uma roleta deu número vermelho seis vezes em sequência, então Gregório teve quase certeza que o próximo número seria preto. Sofrendo uma forma econômica de seleção natural, ele logo foi separado de suas economias.
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14. Ad populum

Você apela para a popularidade de um fato, no sentido de que muitas pessoas fazem/concordam com aquilo, como uma tentativa de validação dele.
A falha nesse argumento é que a popularidade de uma ideia não tem absolutamente nenhuma relação com a sua validade. Se houvesse, a Terra teria se feito plana por muitos séculos, pelo simples fato de que todos acreditavam que ela era assim.
Exemplo: Luciano, bêbado, apontou um dedo para Jão e perguntou como é que tantas pessoas acreditam em duendes se eles são só uma superstição antiga e boba. Jão, por sua vez, já havia tomado mais Guinness do que deveria e afirmou que já que tantas pessoas acreditam, a probabilidade de duendes de fato existirem é grande.
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15. Apelo à autoridade

Você usa a sua posição como figura ou instituição de autoridade no lugar de um argumento válido. (A popular "carteirada".)
É importante mencionar que, no que diz respeito a esta falácia, as autoridades de cada campo podem muito bem ter argumentos válidos, e que não se deve desconsiderar a experiência e expertise do outro.
Para formar um argumento, no entanto, deve-se defender seus próprios méritos, ou seja, deve-se saber por que a pessoa em posição de autoridade tem aquela posição. No entanto, é claro, é perfeitamente possível que a opinião de uma pessoa ou instituição de autoridade esteja errada; assim sendo, a autoridade de que tal pessoa ou instituição goza não tem nenhuma relação intrínseca com a veracidade e validade das suas colocações.
Exemplo: Impossibilitado de defender a sua posição de que a teoria evolutiva "não é real", Roberto diz que ele conhece pessoalmente um cientista que também questiona a Evolução e cita uma de suas famosas falas.
Exemplo 2: Um professor de matemática se vê questionado de maneira insistente por um aluno especialmente chato. Lá pelas tantas, irritado após cometer um deslize em sua fala, o professor argumenta que tem mestrado pós-doutorado e isso é mais do que suficiente para o aluno confiar nele.
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16. Composição/Divisão

Você implica que uma parte de algo deve ser aplicada a todas, ou outras, partes daquilo.
Muitas vezes, quando algo é verdadeiro em parte, isso também se aplica ao todo, mas é crucial saber se existe evidência de que este é mesmo o caso.
Já que observamos consistência nas coisas, o nosso pensamento pode se tornar enviesado de modo que presumimos consistência e padrões onde eles não existem.
Exemplo: Daniel era uma criança precoce com uma predileção por pensamento lógico. Ele sabia que átomos são invisíveis, então logo concluiu que ele, por ser feito de átomos, também era invisível. Nunca foi vitorioso em uma partida de esconde-esconde.
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17. Nenhum escocês de verdade...

Você faz o que pode ser chamado de apelo à pureza como forma de rejeitar críticas relevantes ou falhas no seu argumento.
Nesta forma de argumentação falha, a crença de alguém é tornada infalsificável porque, independente de quão convincente seja a evidência apresentada, a pessoa simplesmente move a situação de modo que a evidência supostamente não se aplique a um suposto "verdadeiro" exemplo. Esse tipo de pós-racionalização é um modo de evitar críticas válidas ao argumento de alguém.
Exemplo: Angus declara que escoceses não colocam açúcar no mingau, ao que Lachlan aponta que ele é um escocês e põe açúcar no mingau. Furioso, como um "escocês de verdade", Angus berra que nenhum escocês de verdade põe açúcar no seu mingau.
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18. Genética

Você julga algo como bom ou ruim tendo por base a sua origem.
Esta falácia evita o argumento ao levar o foco às origens de algo ou alguém. É similar à falácia ad hominem no sentido de que ela usa percepções negativas já existentes para fazer com que o argumento de alguém pareça ruim, sem de fato dissecar a falta de mérito do argumento em si.
Exemplo: Acusado no Jornal Nacional de corrupção e aceitação de propina, o senador disse que devemos ter muito cuidado com o que ouvimos na mídia, já que todos sabemos como ela pode não ser confiável.
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19. Preto-ou-branco

Você apresenta dois estados alternativos como sendo as únicas possibilidades, quando de fato existem outras.
Também conhecida como falso dilema, esta tática aparenta estar formando um argumento lógico, mas sob análise mais cuidadosa fica evidente que há mais possibilidades além das duas apresentadas.
O pensamento binário da falácia preto-ou-branco não leva em conta as múltiplas variáveis, condições e contextos em que existiriam mais do que as duas possibilidades apresentadas. Ele molda o argumento de forma enganosa e obscurece o debate racional e honesto.
Exemplo: Ao discursar sobre o seu plano para fundamentalmente prejudicar os direitos do cidadão, o Líder Supremo falou ao povo que ou eles estão do lado dos direitos do cidadão ou contra os direitos.
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20. Tornando a questão supostamente óbvia

Você apresenta um argumento circular no qual a conclusão foi incluída na premissa.
Este argumento logicamente incoerente geralmente surge em situações onde as pessoas têm crenças bastante enraizadas, e por isso consideradas verdades absolutas em suas mentes. Racionalizações circulares são ruins principalmente porque não são muito boas.
Exemplo: A Palavra do Grande Zorbo é perfeita e infalível. Nós sabemos disso porque diz aqui no Grande e Infalível Livro das Melhores e Mais Infalíveis Coisas do Zorbo Que São Definitivamente Verdadeiras e Não Devem Nunca Serem Questionadas.
Exemplo 2: O plano estratégico de marketing é o melhor possível, foi assinado pelo Diretor Bam-bam-bam.
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21. Apelo à natureza

Você argumenta que só porque algo é "natural", aquilo é válido, justificado, inevitável ou ideal.
Só porque algo é natural, não significa que é bom. Assassinato, por exemplo, é bem natural, e mesmo assim a maioria de nós concorda que não é lá uma coisa muito legal de você sair fazendo por aí. A sua "naturalidade" não constitui nenhum tipo de justificativa.
Exemplo: O curandeiro chegou ao vilarejo com a sua carroça cheia de remédios completamente naturais, incluindo garrafas de água pura muito especial. Ele disse que é natural as pessoas terem cuidado e desconfiarem de remédios "artificiais", como antibióticos.
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22. Anedótica

Você usa uma experiência pessoal ou um exemplo isolado em vez de um argumento sólido ou prova convincente.
Geralmente é bem mais fácil para as pessoas simplesmente acreditarem no testemunho de alguém do que entender dados complexos e variações dentro de um continuum.
Medidas quantitativas científicas são quase sempre mais precisas do que percepções e experiências pessoais, mas a nossa inclinação é acreditar naquilo que nos é tangível, e/ou na palavra de alguém em quem confiamos, em vez de em uma realidade estatística mais "abstrata".
Exemplo: José disse que o seu avô fumava, tipo, 30 cigarros por dia e viveu até os 97 anos -- então não acredite nessas meta análises que você lê sobre estudos metodicamente corretos provando relações causais entre cigarros e expectativa de vida.
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23. O atirador do Texas

Você escolhe muito bem um padrão ou grupo específico de dados que sirva para provar o seu argumento sem ser representativo do todo.
Esta falácia de "falsa causa" ganha seu nome partindo do exemplo de um atirador disparando aleatoriamente contra a parede de um galpão, e, na sequência, pintando um alvo ao redor da área com o maior número de buracos, fazendo parecer que ele tem ótima pontaria.
Grupos específicos de dados como esse aparecem naturalmente, e de maneira imprevisível, mas não necessariamente indicam que há uma relação causal.
Exemplo: Os fabricantes do bebida gaseificada Cocaçúcar apontam pesquisas que mostram que, dos cinco países onde a Cocaçúcar é mais vendida, três estão na lista dos dez países mais saudáveis do mundo, logo, Cocaçúcar é saudável.
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24. Meio-termo

Você declara que uma posição central entre duas extremas deve ser a verdadeira.
Em muitos casos, a verdade realmente se encontra entre dois pontos extremos, mas isso pode enviezar nosso pensamento: às vezes uma coisa simplesmente não é verdadeira, e um meio termo dela também não é verdadeiro. O meio do caminho entre uma verdade e uma mentira continua sendo uma mentira.
Exemplo: Mariana disse que a vacinação causou autismo em algumas crianças, mas o seu estudado amigo Calebe disse que essa afirmação já foi derrubada como falsa, com provas. Uma amiga em comum, a Alice, ofereceu um meio-termo: talvez as vacinas causem um pouco de autismo, mas não muito.
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Espero que essa lista seja útil.
Por fim, questiono: onde já identificaram falácias lógicas em seu dia-a-dia? Compartilhem suas dúvidas e percepções sobre o tema.

terça-feira, 24 de maio de 2016

New Retro Wave

Bem, pelo visto o diretor Bryan Singer fechou a tampa desse universo dos mutantes mais queridos da cultura Pop. 
 Aqui nesse novo X-men - Apocalipse (Fox 2016), temos mais uma vez um embate entre os estudantes da escola Xavier para super dotados, contra alguma ameaça superior, que nesse longa, é o mutante egípcio chamado Apocalipse, que tem como objetivo purificar o mundo.

O diretor consegue manter o ritmo coerente e dinâmico pelas 2 horas e 30 minutos de filme aproveitado ao máximo da tecnologia atual que existe para filmes. Fica o destaque para o Slow Motion de Mercúrio, que foi a grande surpresa no longa anterior  (Dias de um futuro esquecido - 2014), que no atual filme é repetido de uma forma igualmente divertida.  

O elenco aqui se mantém em sintonia, sem muita profundidade (afinal, é um filme pop), mas fica o destaque para Fassbender (Magneto), que expressa no filme a personalidade forte de Erick Magnus, e o teatral Apocalipse vivo pelo ator Oscar Issac, que tem apenas um discurso bonito, mas sem muita ação. Jennifer Lawrence continua com a sua sofrida Mística, que procura manter uma vida normal. Também somos apresentados a nova tempestade (Alexandra Shipp), uma quase apagada Psylocke (Olivia Munn) e o sempre prestativo, religioso fiel Noturno (Kodi Smit-McPhee).

Singer fecha um filme dos mutantes bem retrô, trazendo vários Easter Eggs da década de 1980 e referências a ícones do mesmo período em uma estética que fica entre carnavalesca e glamour.

Fica aqui registrado a gratidão a todos envolvidos pelo trabalho difícil em transpor para uma tela grande, o universo tão rico e complexo dos quadrinhos, que tem o simples objetivo de divertir.

Aguardamos a próxima aventura.


quarta-feira, 18 de maio de 2016

36 Anos sem Ian






Disorder 0:00
Day of the lords 3:29 
Candidate 8:16 
Insight 11:18 
New dawn fades 15:44 
She's lost control 20:33 
Shadowplay 24:30 
Wilderness 28:23 
Interzone 31:00 

terça-feira, 10 de maio de 2016

35 Anos.






Kraftwerk - Computerwelt (1981)
EMI Electrola - 1C 064-46 311, Vinyl LP, Germany

A-1. Computerwelt (5'05") 0:03
A-2. Taschenrechner (5'02") 5:08
A-3. Nummern (3'20") 10:10
A-4. Computerwelt 2 (3'10") 13:30
B-1. Computer Liebe (7'16") 16:40
B-2. Heimcomputer (6'18") 23:56
B-3. It's More Fun To Compute (4'13") 30:14

Ralf Hütter
Florian Schneider
Wolfgang Flür
Karl Bartos