Em uma entrevista para o site BeatMash Magazine , o DJ Americano JEFF MILLS, conta um pouco de sua experiência ao se apresentar no tradicional museu do Louvre em Paris no ano de 2015, além de sua passagem pelo Rembrandt House Museum em Amsterdã e também comenta sobre o instrumento “The Visitor” (Uma bateria eletrônica) desenvolvido em parceria com artista japonês Yuri Sukuki, que trabalha com arte interativa e design de som.
Então, vamos começar com seu último lançamento, “The Exhibitionist 2”, Qual evolução artística podemos encontrar nessa segunda edição, em relação ao primeiro?
Teve um grande avanço na forma como controle os equipamentos (The
Visitor). Na primeira edição, o meu foco era mostrar os ‘movimentos’ básicos de
um DJ. Para mostrar para o público que estava familiarizado com a forma, de
como o DJ organiza a mixagem.
The
Exhibitionist 2 toma um passo além do ponto onde o DJ começa a modificar a
situação com objetivo de expressar sua personalidade, então a improvisação era
o foco. Eu gerenciei isso apenas “ligeiramente” preparando o que ia fazer a
cada filme.
Há alguns
meses, você se ‘trancou’ no estúdio Rembrandt, como foi a experiência? Qual foi
a sua contribuição?
E um lugar onde Rembrandt criou inúmeros trabalhos, e a sensação
de ir para lá foi uma experiência muito animadora para mim. Como alguém que cria uma carreira, eu sei o
tão importante é o lugar, onde as ideias nascem.
É um espaço especial onde as ‘coisas’ são concebidas e feitas a
partir de algo, do nada para alguma coisa. Um espaço onde é permitido liberar a
sua mente e deixar acontecer.
Ano passado (2015) você trouxe a música eletrônica para o Louvre e em
breve abrirá na Alemanha o museu da música eletrônica (MOMEM) e um outro em
Berlin pelo mesmo fundador do Tresor. O que você acha dessas atividades e o que
elas contribuem para a cultura da música eletrônica?
Eu acho isso fantástico
e muito importante, não só para a Dance Music, mas para a música em geral. E
está com o pensamento que se tinha na década de 1980, que era informar o maior
número possível de pessoas sobre essa arte e gênero (música eletrônica). Espero
ver mais dessas instituições relacionadas à música eletrônica.
Como foi a sua residência no Louvre? Como foi a experiência? Qual
a opinião do público não especializado em música eletrônica?
A experiência foi ótima. Basicamente, eu tive liberdade e acesso
livre para criar qualquer coisa que quisesse. E foi uma enorme honra e
responsabilidade, pois o Louvre é um dos mais prestigiados museus do mundo.
Você sempre
teve um grande interesse sobre o universo e a da vida fora da terra. A sua obra
gira em torno dessa ideia, como o seu recém-criado “The Visitor” com Yuri
Sukuki, inspirado na observação de um OVNI. Qual é a conexão entre o universo e
a música eletrônica.
Eu sei que o espaço é o que está ao redor da terra, e é uma grande
parte da nossa vida humana, eu acredito que o universo não está só relacionado
com a música, mas sobre tudo que fazemos e criamos tudo que planejamos e
esperamos. Então, não creio que minha atenção seja especial ou única.
Aqueles que estão envoltos em sublinhas da vida, estão perdendo o
grande ponto da existência. Humanos são
mentalmente designados “para viver mais um dia” e para fazermos isso, nós temos
que estar preparados. Para considerar qualquer coisa que está em volta de nós,
para saber se estamos progredindo para os nossos objetivos.
Agora, muitos de nós, têm o senso que o controle do clima da terra
está com um problema. Por isso a atenção de outros é visto com mais frequência.
Se eu puder usar a música para trazer atenção para esse tema, então eu acredito
que minhas ‘ações’ estão sendo relevantes para alguém.
Você acha que
existe pessoas que mantém o medo em considerar que não estamos sozinhos no universo?
Os humanos foram ensinados a temer o desconhecido. E esse temor de
‘outros’ é lembrado constantemente e nós
deixa mais confortável.
Eu acredito que isso é uma doutrina que foi criada e aperfeiçoada
ao longo dos séculos. E o objetivo é nos condicionar desde o nosso nascimento. Ironicamente,
o mesmo tipo de medo que nos mantém vivos, é o mesmo que nos mantém ‘presos’,
como uma espécie social. É uma domesticação do medo.
Como você se prepara cada sessão? Você tem algum ritual antes de
subir no palco?
Não. Não realmente. Cerca de 60 minutos antes, eu começo a pensar
e imaginar várias formas do que vou fazer. Não oração ou coisa do tipo. Eu olho
para a situação mais de uma forma terapêutica e prática. Uma tarefa que pode
trazer algo espiritual se caso tudo ocorrer bem.
Você se
apresentou algumas vezes junto com uma Orquestra Sinfônica. O que ela te
ofereceu musicalmente?
É uma experiência especial, pois a ocasião convida ao som, ritmo e
a texturas que podem ser incluídas em uma máquina humana (de uma orquestra
corporal).
Mentalmente, ele me permitiu ver a funcionalidade da orquestra de uma forma imersiva, bem próxima. Eu
pude mudar para música eletrônica e aplicar o ‘Felling’ que faço normalmente
como DJ, como músico.
Há um grande debate entre a nova e antiga forma de discotecar.
Alguns acham que alguém que toca com vinil pode ser um bom DJ, e se
‘apresentar’ com novas tecnologias, o te faz um DJ ruim. Qual a sua opinião
sobre isso?
Minha opinião sobre o
que é um ‘bom’ DJ, não é pelo formato que Eles/Elas usam. Mas se ele
simplesmente tem talento. ‘Tocar’ usando vinil, não te diz que você é uma
pessoa talentosa. Você não pode comprar isso.
Qual a diferença que você vê entre o atual público e da década de
1990? Você acha que o público atual está menos exigente?
Sim, eu acho que há menos DJs e artistas
exigentes. Especialmente quanto ao avanço em tecnologia nos
equipamentos/instrumentos, que permitem que os artistas e DJs sejam mais
criativos. O que eu vejo e escuto, não combina com o que eu sei que é
possível.
Se você não fosse músico, o que seria?
Eu realmente não tenho certeza, mas alguma coisa que me permitisse
ser livre para criar...
Se você tivesse o Delorean do filme De Volta Para o Futuro, para
onde gostaria de viajar?
Eu viajaria para o
futuro. No exato momento em que os seres humanos percebem o verdadeiro significado
do porquê de estarmos aqui.