quarta-feira, 31 de maio de 2017

Revolution Baby



Lançando em primeiro de junho de 1967,o disco Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band da banda inglesa Beatles, é até hoje, considerados por muitos, como o trabalho mais icônico e significativo que o quarteto da cidade de liverpool produziu . Muito desse caráter se deve a sua inovação e a grande variação em suas músicas, que para a época, foi uma grande novidade. Tornado o álbum uma ampla influência para artistas futuros.

A banda já possuía uma evidente e considerável base de fãs, além do respeito da crítica musical; e seus trabalhos anteriores, eram executados nas rádios diariamente, fazendo com que o quarteto sempre se ficasse em evidência na mídia daquela década.  Porém, o grupo ainda iria produzir o trabalho musical que colocaria de vez, os quatro integrantes na história do rock e da arte popular.

Vivendo em uma época de transformações, na qual os jovens estavam rompendo com os padrões conservadores da década de 1950, e tendo como foco a lutava pelos direitos civis em conjunto com os movimentos pacifistas, a década de 1960, também foi marcada pelo surgimento do rock psicodélicovertente musical de ideias livres e de forte experimentalismo, além do uso de LSD (droga alucinógeno muito usada por essa geração) além de outros fatores, que acabaram tendo influência direta na estética e conceito do que seria produzido em  Sgt. Pepper's.

 Nesse meio-tempo, os Beatles também passaram por uma experiência religiosa no mesmo período, porém sem muito aprofundamento, os músicos se sentiram desapontados com tal doutrina, mas incorporaram no disco, alguns elementos musicais utilizados na religião indiana.

Sgt, é uma coleção de vários momentos que os músicos estavam passando durante a década de 1960, e todo esse turbilhão pessoal e ideológico, acabou sendo compilado nos quase 40  minutos de música que foram registrados em 1967. Como a estrutura do disco tem uma grande variação de detalhes, apresentando novas texturas sonoras e a sua ousadia musical,  a gravação durou o dobro de tempo, mas a demora foi compensada com um resultado, que se tornou um divisor de águas significativo para a música pop, e para os próprios integrantes, que se encontravam em um inevitável amadurecimento.

Esse disco conceitual, recheado de elementos musicais diversos e de uma divertida fantasia sonora, acabou fazendo a cabeça de muita gente, e tendo um sucesso imediato, ficando por 27 semanas entre os melhores discos na Inglaterra, e mais de 15 semanas entre as músicas mais tocadas nos EUA. Esses acontecimentos fizeram com que o grupo recebesse inúmeros elogios, entre outras comparações. Levando o quarteto ao patamar, até então inédito para um grupo de rock.  

Os trabalhos posteriores ao Sgt. Pepper's, também tiveram um grande destaque entre o público e a crítica, entretanto, devido ao grande desgaste em decorrência ao sucesso de suas músicas, os Beatles acabaram encerrando a suas atividades artísticas anos depois. Mas o Fab Four, deixou registrado na cultura pop, uma legado que até hoje gerar frutos e sendo uma referencia quase imbatível dentro do meio musical. Além de abrir o caminho para o que veria posteriormente, e confirmando que o bom dos Beatles, foi o que veio depois. 

Em tempo, Parabéns!



domingo, 21 de maio de 2017

Odisséia da Mente

Biografias Editora Aleph e Seoman
Publicado originalmente no ano de 1993 pelo cineasta francês Emmanuel Carrère, e só agora tendo a sua publicação em língua portuguesa pelas mãos da editora Aleph em 2016, a Biografia ‘Eu Estou Vivo e Vocês Estão Mortos’, é o segundo livro sobre a vida do escritor de Ficção-Cientifica norte-americano, Philip K. Dick, a ser publicado no Brasil.

No livro, o biografo descreve Philip como um homem paranoico, que em meio a toda confusão que era a sua mente, tentava manter uma vida normal, porém sem um resultado satisfatório. E dentro desse caos sem cura, Philip tornou-se um escritor de renome, com livros que abordavam o homem em meio ao uma realidade alternativa, ou em um mundo distópico. Mesclando budismo, filosofia e outras doutrinas em sua obra.

O livro de Emmanuel difere em sua abordagem em relação à biografia anterior intitulada ‘A vida de Philip K. Dick’, escrito por Anthony Peake, publicada no Brasil pela Editora Seoman no ano de 2015. Emmanuel recria a vida de Philip com uma linguagem romantizada, quase ficcional. Com o foco na combinação dos fatos principais da vida do escritor, rente com seus universos ficcionais contidos em seus livros. Fazendo com que ‘Eu estou vivo…’ um trabalho quase inédito.

Mas isso não desmerece o livro da editora Seoman, que se apropria de uma abordagem mais analítica e informativa. Contendo uma extensa e minuciosa pesquisa dos livros de Philip K. Dick (também conhecido como PKD) que foram adaptados para o cinema. Apesar de terem tratamentos diferentes entre si, ambas publicações se complementam.

Em uma entrevista para a imprensa brasileira, Emanuel afirma ser um grande admirador dos trabalhos de PKD, e um dos motivos para tal criação dessa elegante biografia do autor de Blade Runner’, foi uma breve crise pessoal e religiosa pela qual o cineasta/biografo passou no fim da década de 1980.

Durante o desenvolvimento da biografia sobre Philip, Emmanuel percebeu que todos os livros de PKD, seriam uma espécie de autobiografia disfarça de Ficção-Cientifica. Devido às inúmeras semelhanças da vida de Phillip com os seus personagens. E segundo o autor, Philip contava a sua vida pelos livros. Falava com o leitor por eles, tudo de uma forma implícita.

Phillp K. Dick
Philip tornou-se escritor por acaso, atividade que mantinha em suas horas vagas. O ofício com a escrita foi forçado como complemento de renda familiar, pois Philip estava sem dinheiro para sustentar a esposa e a filha recém-nascida. E em sua vida como autor de Sci-Fi, não teve o reconhecimento de seus trabalhos. Apesar de receber elogios por ‘UBIK (1969) ’, ‘O Homem do castelo alto (1962) ’ e ‘Valis (1981)’. Com o livro ‘O Homem do Castelo Alto’, ganhou o prêmio Hugo de Ficção-Cientifica, porém seus trabalhos anteriores (manuscritos) foram recusados, alegaram que ninguém se interessaria por aquele tipo de material.

Mesmo com os problemas mentais evidentes, que começaram a surgir logo na adolescência (sofria de Esquizofrenia e Bipolaridade) Philip chegou a liberar os direitos de adaptação para o cinema de ‘Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? (1968)’, que deu origem a Blade Runner (1982). filme que o tornou um autor cult posteriormente.

Em sua vida pessoal, passou por cinco casamentos, todos eles conturbados, devido a sua saúde mental que o impedia de ter alguma harmonia em sua família. Desses casamentos, Philip foi pai de três filhos. Além de seus distúrbios, Philip foi usuário de inúmeras drogas psicoativas, muitas delas para tentar controlar a bagunça que era a sua mente, mas sem efeitos positivos. Devido a essa dependência, Philip passou por inúmeras internações em clinicas psiquiátricas.

Dentro dessas instabilidades mentais, Philip achava que estava sendo vigiado pelo FBI ( uma de suas esposas era filiada ao partido comunista), e em sua mente caótica, pensava que tinha microfone escondido até na caixa de areia de gato. Também foi praticante do I-ching, que sempre o consultava para escrever, gerando assim dúvidas, instigação e pensamento que seriam usados em seus livros. E nesse mesmo período, passou por uma ampla fase esotérica, que o fazia acreditar na existência de um segredo escondido por traz do plano visível, entre outros diferentes tipos de delírio.

Apesar de sua breve existência, PKD ainda gera um grande fascínio naqueles que passam por sua obra, seja ela através dos filmes adaptados para o cinema, pelos livros que escreveu, ou por essas infinitas biografias, que sempre trazem um frescor para essa mente tão inquieta, confusa e criativa, que foi a mente de Phillip K. Dick.

Em tempo, boa leitura.

sábado, 20 de maio de 2017

Alien: Covenant … A fronteira Final

O atual filme não é tão denso quando o original de 1979, e nem possui a movimentação se comparando com a versão de 1986, dirigida por James Cameron. Porém se iguala em relação à narração e construção do filme Promoetheus (2012), fato que gerou o desconforto e uma insatisfação com os fãs da série Alien, proporcionando, uma grande descrença em relação aos futuros filmes da cultuada série cinematográfica.

Em Alien: Covenant (Fox 2017), somos apresentados a uma equipe de colonizadores, que após a um acidente espacial, resolvem aterrissar em um planeta não classificado, e que devido a essa “quebra” na missão, acabam explorando o tal astro, e descobrem a desaparecida nave Prometheus, que havia sumido há dez anos. E durante a essa investigação, encontram algo extremamente perigoso.

Quem espera um novo Alien, com seu clima de terror no espaço, ou um filme recheado de cenas de ação, pode ficar desapontado com Covenant, já que o objetivo do filme é explicar como surgiram os Xenormofos e responder as questões que ficaram em aberto por Prometheus, além de abrir o caminho para os próximos filmes da franquia que serão produzidos no futuro.

Apesar de regular se comparando com os filmes clássicos, adotando uma narrativa bem didática e sem muito aprofundamento em sua história, o que deixa toda a exibição com um clima de filme para família, Covenant fica devendo por não apresentar muita inovação ou inventividade nessa nova etapa, que procurava esclarecer os motivos da existência dos Aliens e o porquê da busca excessiva por esses seres extremamente nocivos.

Mas apesar de não possuir uma história plausível, Covenant é a prova que Ridley Scott continua firme com o seu trabalho de diretor e produtor, apresentando um filme, que se esforça em fugir do atual padrão de filmes pop, que se expõe com uma fórmula repetitiva e quase banal. E nesse atual trabalho, o diretor tem como objetivo, entreter o espectador com uma aventura despretensiosa, sem muita reflexão.

Fica o destaque para o ator Michael Fassbender que interpreta as duas versões do sintético (robô) David/Walter, que se manifesta como o melhor personagem o longa. Que apesar do filme não demonstrar muita profundidade, possui um final que compensa toda a morna projeção. E gerando uma grande dúvida sobre o que acontecerá nos dois seguintes capítulos e conclusivos dessa série tão carismática e cultuada.



segunda-feira, 1 de maio de 2017

Faroeste Espacial



Quando o primeiro Guardiões da Galáxia foi lançado em 2014, o público se encontrava em uma grande dúvida, em relação a esse longa-metragem com personagens até então desconhecidos. Quem sabia da existência deles, eram os leitores mais ávidos dos quadrinhos. Mas a Disney resolveu arriscar em apresentar aos seus consumidores, esses novos heróis.

Após a sua estreia e o grande boca a boca entre os críticos de cinema, em conjunto com os fãs das HQs, o filme se tornou um sucesso, e conquistou um novo público que já perguntava por uma sequência. Não tardou muito para que a Disney/Marvel começasse a trabalhar na continuação do longa.

Aqui em Guardiões da Galáxia Vol 2, dirigido James Gunn—o mesmo do filme de 2014—, temos uma nova aventura espacial com esses heróis um tanto fora de linha. Porém com uma leve mudança em relação ao longa anterior. Que nessa continuação, temos um aprofundamento na vida de cada personagem, fator que contribui para a empatia com o público, além de explicar de uma forma acessível, o porquê das motivações de cada um naquele universo. 

Utilizando de uma linguagem bem clara e objetiva, o diretor consegue manter o equilíbrio entre ação e humor, sem perder o ritmo na narrativa, contribuindo para que o filme seja uma projeção cativante e simpática para qualquer tipo de espectador, seja ele um afeiçoado dos quadrinhos ou não.

Com um orçamento mais robusto, (estima-se aproximadamente U$S 220 milhões), foi possível expressar um trabalho mais completo, com um mundo mais detalhado e amplo, além de permitir uma história extensa e rica em detalhes, e apresentando ótimas cenas de ação, que colabora para uma obra cinematográfica despretensiosa e divertida. 

Em Guardiões... há inúmeras referências ao universo da Marvel e várias piadas da cultura pop americana da década de 1980. Recurso que irá agradar em cheio os leitores mais antigos e saudosistas dessa época. Também há o destaque para a produção visual do filme, que se apresenta rica em detalhes. Com ponderadas citações à cultura New Wave (tendência muito popular durante os anos de 1980) e ao design “futurista” do mesmo período. 

Ao término de toda projeção, e durante os créditos finais, somos apresentados a cinco curtas cenas extras, que já dão pistas para as próximas aventuras dos Guardiões

E em meio à enxurrada de filmes de super-heróis, guardiões se mantêm como um dos mais divertidos e leves que a Marvel já produziu até o momento,  e essa continuação só confirma o trabalho mais que correto que a Disney faz nessa adaptação dos quadrinhos para a tela grande.