quarta-feira, 30 de maio de 2018

Han Solo — Altas Confusões.

Cultuado pelo seu caráter livre e de uma grande autoconfiança Han Solo foi conquistando fãs com o passar do tempo, e o seu passado, que até então, era quase lendário, finalmente é explorado em um trabalho um tanto irregular.

Durante a sua gravação, houve mudanças internas que resultaram na substituição dos diretores Phil Lord e Chris Miller (LEGO Batman: O Filme – 2017) por Ron Howard (O Código Da Vinci – 2006), que refez algumas cenas e mexeu em seu desfecho, mas nada que prejudique o resultado final do filme. Solo se encaixa ‘em parte’ na mística criada entorno do personagem.

Han Solo: Uma História Star Wars (Disney)  assistimos as motivações e as reviravoltas que ocorrem durante a vida agitada do futuro piloto e aliado dos rebeldes contra o império galáctico, e como Han tenta sobreviver em meio a toda essa confusão. E tendo em mente, que tudo acontece, se passa durante uma inevitável guerra interplanetária, na qual há uma centelha de esperança em meio a esse caos completo. Todos esses conflitos são permeados por um jogo interrupto de poder e chantagem.

Nesse imenso fogo cruzado recheado de trapaceiros e oportunistas, quem sobrevive, são aqueles que se adaptam melhor em relação a esse ambiente hostil, e para isso, são obrigados a usar de inúmeras estratégias e muita inteligência, habilidades que aqui Han Solo se sobressai.

O enredo que se vê em tela, permite aos personagens uma opção para evitarem a batalha, mas as razões para essas negações são ingênuas. E os nossos heróis acabam mergulhando de corpo e alma nesse jogo fatal.

Apesar da premissa interessante, temos deslizes em seu roteiro: o que era para ter embates severos com um clima sombrio e agressivo, foi diluído para uma aventura despretensiosa e amistosa entre amigos. A narrativa é mais calma que o tradicional — é o episódio mais didático da nova franquia Star Wars —, e essa abordagem não agradou ao público de primeira, que esperava por uma movimentação intensa em seu desenrolar. Han Solo é imperfeito.

Os melhores momentos são marcados pelos encontros que se transformam em amizades, como no caso de seu parceiro Wookie Chewbacca (Joonas Suotamo) e o igualmente ‘espertalhão’ Lando Calrissian (Donald Glover), do qual Solo, obteve a sua nave Millenium Falcon.

De restante, o filme fica em ponto morto, quase sem rumo. É visível o empenho Howard em tentar arramar todas as pontas soltas deixadas pelos antigos diretores, que focaram em linguagem mais cômica, tratamento que desagradou a produtora e chefe Kathleen Kennedy, que os substituiriam quando assistiram uma parte do filme pronta.

Os próprios atores não mantêm a seriedade de seus personagens, dando a entender que havia um clima de humor no set em relação as atuações, deixando o ambiente descontraído, ou simplesmente não levaram nada a sério o trabalho, já que não há uma solidez na história.

Afora as falhas, falta de ousadia e a bagunça em sua produção, Han Solo tem o seu mérito por apresentar  no cinema, como esse ‘malandro’ espacial e tão carismático surgiu.





domingo, 20 de maio de 2018

Cobra Kai - A Saga Continua

Apesar de falhas como situações forçadas, diálogos sem muita profundidade e a sua produção barata, a web série entrega o prometido. Em meio a atual enxurrada de conteúdo áudio visual, do qual fica difícil para o espectador acompanhar tudo o que é feito, Cobra Kai (youtube/Sony – 2018) se destaca não pela originalidade, mas pela ousadia em recriar uma ‘nova’ história pra uma já encerrada.

Não espere atuações brilhantes ou algo grandioso. Mas o produto em si, entretém. Os saudosistas de mente mais aberta apoderam se divertir em rever os personagens que em outrora tiveram um destaque entre o seu público longínquo. Que aqui retornam com uma vida bem diferente se comparando com a sua ingênua juventude oitentista.

Na trama, vemos o destino que os principais personagens tiveram após o grande torneio de Karatê, do qual foi um divisor de águas para ambos lutadores. Mais três longa-metragem foram produzidos e o remake em 2010, mas essa web série aborda somente a história do filme de 1984. Ignorando os filmes derivados.

Os roteiristas atualizaram os valores dos jovens para criar um embate entre gerações, mas o tratamento é panfletário e didático, sem desqualificar o que é exposto. Tendo em vista que a série é para um público bem amplo. Portanto, o que se assiste leve e bem objetivo.

Fica o destaque para o ator William Zabka que tem ressalto com o seu personagem (Johnny Lawrence), que aqui se apresenta bem maduro em relação impaciente do filme original. No restante, há a repetição da trama do filme original, porém com novos personagens. Tanto Johnny Lawrence quando Daniel LaRusso (Ralph Macchio) se tornam senseis de jovens com uma forte insegurança em relação a vida. 

E utilizam do Karatê como ferramenta para superar essa indecisão, mas nesse meio tempo, vários imprevistos acontecem, gerando mais conflito no decorrer da história, até ao fechamento da primeira temporada da teleserie.

Mesmo sem inovações, e calcados em assuntos que geram discussões pela internet, Cobra Kai é interessante em relação à forma de como versar para o momento vigente, um produto criado para uma época já distante com uma linguagem obsoleta para o público atual. Ainda mais em uma época que há uma enxurrada de informações e distorções de valores destinados aos jovens.



sábado, 19 de maio de 2018

Rogério Skylab - O Mundo Circular

Rogerio Skylab é uma das figuras do underground carioca que possui a careira mais incomum do meio em que surgiu. Já no início de suas atividades na cena musical independente no começo da década de 1990, o compositor já colecionava elogios com o seu primeiro disco (Fora Da Grei - 1992).  Mas a “fama” veio depois de aparições em programas de TV do qual participava dando entrevistas classificadas como bizarras, incluindo as suas performances completamente teatrais. Mas a autenticidade de seu próprio trabalho, sempre foi o seu principal chamariz.

E como os seus álbuns possuem um caráter focado no estranho com assuntos polêmicos e escatológicos, porém misturado com diversos estilos musicais, a combinação acabou resultando em um artista que foge da vertente mais comum do mercado musical. Esse 'mix' conquistou um público fiel.

Aqui em seu ‘O Rei do cu’ (independente – 2018) Skylab aborda variados temas em suas 12 faixas que transitam entre o non-sense, MPB, Rock, Samba entre outros gêneros, mas nem todas as músicas possuem uma conexão com essa parte da anatomia humana, um tanto íntima. O que se ouve, é um trabalho diversificado.

Rogério junto com a sua banda, conseguem expor todas essas nuances sem soar repetitivo, ou clichê. O título é chamativo e provocador, incluindo a sua capa trash, mas é coerente em sua integridade, conduto é dispare na forma escolhida. Quem imagina ouvir um trabalho vulgar (sujo), pode ter uma decepção, já que a abordagem adotada é seleta, atrelado aos estilos usados no disco.

O experimentalismo é presente, porém usado de modo discreto, como um artifício, não o viés principal. Não há exagero ou delírios em suas músicas, toda a abordagem é feita de forma lírica. Esse formato contribui para a surpresa do álbum. A psicodelia dos álbuns clássicos foi deixada um pouco de lado, prevalecendo uma audição mais acessível.

O Rei do cu é a primeira parte de uma trilogia que será lançado com o tempo, a atual está disponível em diversos formatos de streaming. O próprio músico não se importa com mídias físicas, edições especiais ou o atual saudosismo em relação ao vinil. É um trabalho de aquisição livre.

Em um período de trabalhos de artistas nacionais que trilham por um caminho mais fácil e sem ousadia, Rogério Skylab se apresenta como um dos mais originais e inusitados que se pode ouvir.

Em tempo, bom disco.

Mais informações em: Rogério Skylab

Rádio CultFM