segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Ed Motta – Criterion of the Senses – Músico mantém seu refinamento em novo disco.


Desde quando surgiu no cenário musical brasileiro perto do fim da década de 1980 — ainda fazendo parte da banda Conexão-Japeri —, Ed Motta já demonstrava o seu apreço por diversos estilos musicais e compositores, e nunca escondeu as suas influências sonoras em suas músicas. E por causa desse caráter, acabou recebendo inúmeros elogios, não só pelo o que produzia, mas pela fidelidade em suas apresentações.

Nos anos de 1990, Ed começou a rascunhar o estilo que seria adotado nos anos seguintes, percurso marcado por diversas etapas no que desenvolvia, mas sempre com a preocupação com resultado final de seus álbuns, e o seu gênero acabou sendo classificado de “pop com qualidade”. Que na época, lhe trouxe novos holofotes.

Como a escolha correta de um time de músicos de primeira, que contribuíram para que as faixas fugissem do comum, mas sem perder toda influência adquirida, Ed acertou o formato que mantém até hoje. E sabendo aproveitar os caminhos que foram abertos, o cantor acabou conquistando o respeito dentro da MPB, e uma agenda de shows fora do Brasil.

Criterion of the Senses (Membran ‎- CD/Vinil e Streaming) tem as faixas cantadas em inglês e fazendo uma continuação direta do elogiado Perpetual Gateways (2016), que reflete o atual momento do artista, que usufrui de uma liberdade artística rara no Brasil, podendo gravar um trabalho sem precisar recorrer aos gatilhos do mercado vigente, apesar do empenho em ecoar um sentido mais clássico, o que se escuta no disco, é integro e moderno.

Com elegância e dedicação, o álbum flui além de agradar com seu perfil vintage que faz alusão as músicas da década de 1970, afora de sua curta duração — tem apenas 33 minutos — o álbum pode figurar as listas de melhores do ano de 2018, tanto no estilo, “Adult Oriented Rock”, quanto pop ou soft rock, já que Ed e sua banda, são versáteis por transitarem em vários estilos.

Com a abordagem mais rebuscada e tendo toda a sua estrutura rítmica construída em cima do melhor do funk, soul e jazz, “Criterion...” é um trabalho extremamente acessível e animado, feição que diverge da ideia que se tem de um disco destinado para um público mais exigente e pequeno, que fica a parte de tudo. Entretanto, a conclusão que se tem, tanto o cantor, quanto a sua banda, prestigiam o que formularam, seja apreciado sem restrição alguma.

Todo o trabalho e dedicação na criação do álbum são mais do que evidente em sua audição, o que confirma o artista carioca, como o mais apurado em desenvolver um produto que procura dar charme ao mercado contemporâneo. E fica a certeza que Ed Motta presenteará ao seu fiel e crescente público, com novos trabalhos com o mesmo padrão de excelência.





sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Jean-Michel Jarre anuncia a continuação de Equinoxe.


O músico francês Jean-Michel Jarre informou a continuação do álbum Equinoxe (1978), agendado para o mês de novembro de 2018. Com o título de Equinoxe Infinity.

Por enquanto não há informações complementares, mas Jarre adiantou o motivo da recriação da capa do disco, refeita pelo artista Checo Filip Hodas: —“Nos dias em que o vinil está voltando, o trabalho artístico merece mais atenção. A capa do Equinoxe sempre foi uma das minhas favoritas”—. E acrescenta: —“Essas criaturas estranhas estão nos observando? Observando o espaço? Assistindo máquinas? Assistindo a um fenômeno natural? Nós não sabemos realmente. Eles não são assustadores, mas estranhos e misteriosos”—.

— “Então, peguei a capa original do Watchmen of the Equinoxe para continuar a história. Filip Hodas é um jovem artista super talentoso que pedi para criar duas peças diferentes de acordo com a minha visão. Uma capa mostra a humanidade em paz com a natureza e a tecnologia, e a outra mostra uma imagem de medo e distorção com máquinas dominando o mundo. Com esses dois, quero chamar a atenção para dois cenários que estamos enfrentando hoje com nosso amor e nossa dependência de inovação e tecnologia”—.

“A música do Equinoxe Infinity é a trilha sonora desses dois mundos diferentes.”


Aphex Twin T69 Collapse — Tudo estranho e meio esquisito.

Celebrado por ter feito parte da geração de músicos, DJs e produtores que deram novos rumos para a música eletrônica a partir dos anos de 1990, Aphex Twin (Richard D. James) sempre foi classificado como o mais estranho da turma. Muito desse perfil, não só por suas composições serem atípicas, mas pelo próprio artista fazer o papel de esquisitão dentro do meio musical.

Com uma carreira já extensa, da qual começou na adolescência durante a década de 1980, Aphex acabou virando objeto de culto por onde passava. Muito do mérito, devido ao caráter autodidata em criar os seus próprios instrumentos e da forma como os utiliza para gravar os seus álbuns.

Com essa autonomia, além de ter acesso a diferentes modelos de sintetizadores e usufruindo de todos os tipos de recursos sonoros disponíveis, o músico irlandês acabou criando uma identidade peculiar dentro do cenário da música eletrônica. A abordagem adotada, o mantém em relevância até aos dias de hoje.

O caráter inato fica evidente em seus álbuns, que já foram classificados de abstratos e metalinguísticos, variando entre melodias e ruído, porém o produtor não se importa com essas nomeações, a cada disco, há uma discreta evolução.

T69 Collapse, não tem muita diferença radical em relação aos trabalhos anteriores do produtor, ouvimos Aphex Twin em sua forma pura, recheado de firulas e estranhezas auditivas, com os seus ritmos quebrados, constantes mudanças harmônicas entre inúmeros filtros e infinitas distorções. O clima Lo-Fi, está incluso na estrutura moderna composta, com o diálogo sempre em equilíbrio.

As faixas possuem os títulos enigmáticos e sem um objetivo claro, Aphex explora ao máximo os recursos que possui para criar todo esse universo sonoro que o tanto fascina. E dando aos fãs um produto que fará a alegria daqueles que admiram esse ambiente ressoante criado pelo artista.

O EP ganhou um videoclip no melhor estilo Glitch Art, que contém uma referência ao criador/programador Markus Persson, responsável pelo Jogo minecraft, que no ano de 2014, comprou por 46 mil dólares, o vinil ‘Caustic Window’, só com faixas raras de Aphex Twin.

Por ser curto, — tem em média 28 minutos —, o EP é dinâmico e não esgota o ouvinte, deixando todas as constantes variações acessíveis. ‘Collapse’ relembra a melhor fase do produtor, mas sem um aparente saudosismo.

Quem acompanha as obras do artista, sabe que o músico não segue o padrão formal do mercado, o mesmo prefere caminhar na contra mão. Essa linha de pensamento é visível em seu EP anterior Cheetah (2016), que tinha como atrativo, a paciência em programar o difícil sintetizador Cheetah MS800 para criar o homônimo EP.

T69 Collapse está sendo lançado pela Warp Records nos formatos, CD, Vinil, Streaming e Fita Cassete.